Copom mais uma vez não causa surpresa e anuncia oitava alta seguida dos juros

Taxa básica vai agora a 10,75% ao ano, mesmo percentual do final do governo Lula. Sob Dilma, chegou a 12,5% e recuou para 7,25%, até iniciar nova sequências de altas

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central voltou a confirmar as previsões dos analistas de mercado e anunciou na noite de ontem (26) a oitava alta seguida da taxa básica de juros, a Selic, desta vez em ritmo menor, de 0,25 ponto percentual, para 10,75%. As seis elevações anteriores haviam sido de meio ponto cada.

Foi mais uma decisão unânime e sem viés. Em nota, o Copom informou que deu “prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros, iniciado na reunião de abril de 2013”. Era uma decisão esperada, entre a perspectiva de pequeno crescimento econômico e a alegada preocupação com a inflação.

A Selic estava exatamente em 10,75% no final do governo Lula. Na primeira reunião sob a gestão Dilma, em janeiro de 2011, a taxa subiu para 11,25%. Seguiram-se novas altas, até chegar a 12,5%, em julho daquele ano. Depois, veio uma série de cortes, até a taxa atingir 7,25%, seu menor nível histórico, em outubro de 2012. O processo foi interrompido dez meses atrás, quando recomeçou uma sequência de altas.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) diz considerar positiva a redução no ritmo de alta. Para a entidade, isso pode “sinalizar o encerramento do ciclo de elevação dos juros”. Mesmo considerando a inflação “preocupante”, a CNI afirma que os efeitos das últimas elevações dos juros sobre os preços ainda estão por vir. E acrescenta que “o ônus do combate à inflação não pode recair totalmente sobre o setor produtivo”.

Já a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) informou condenar “com veemência” a decisão do Copom. “O aumento de 0,25% na Selic representa outra capitulação do Copom diante do terrorismo do mercado financeiro, o único ganhador desse jogo de cartas marcadas em que todos os demais setores da sociedade perdem”, afirma o presidente da entidade, Carlos Cordeiro.

A confederação diz considerar inócuo aumentar os juros para combater a inflação, “que em 2013 foi de 5,91%, apresenta viés de queda e está rigorosamente dentro dos parâmetros definidos pelo Banco Central (4,5% a 6,5%)”. E acrescenta: “Do total de R$ 2,36 trilhões do Orçamento Geral da União para 2014, 42,42% (mais de R$ 1 trilhão) estão reservados para o pagamento dos juros e amortizações da dívida pública, 20% da qual é composta por títulos corrigidos pela Selic”.

O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, atacou o governo, que segundo ele “não tem repertório para tocar a política econômica”. Para o dirigente, o atual governo “infelizmente abandonou seu projeto desenvolvimentista, jogou a toalha”.

Da Rede Brasil Atual