Estudo vê quatro perfis na nova classe média

Batalhadores são o maior grupo; há ainda os promissores, empreendedores e experientes

Há várias “classes médias” dentro da nova classe média brasileira. As 108 milhões de pessoas que integram esse estrato social, com renda individual mensal entre R$ 320 e R$ 1.120, não são um grupo homogêneo em termos de consumo, perfil socioeconômico e muito menos visão de mundo. Isso é o que mostra um estudo feito pela Serasa Experian e pelo Data Popular para identificar as nuances desse estrato social, que desembolsou em 2013 R$ 1,17 trilhão com produtos e serviços.

O estudo, que consultou cerca de 3 mil pessoas, combinando 400 variáveis, concluiu que há quatro diferentes perfis dentro da nova classe média. O grupo dos batalhadores reúne o maior contingente (30,3 milhões) e respondeu no ano passado pela maior fatia do consumo: R$ 388,9 bilhões.

“Esse grupo melhorou de vida e migrou recentemente da classe D para a C por meio do emprego formal”, afirma o diretor do Data Popular, Renato Meirelles. Ele destaca que esse grupo foi o grande responsável pelo salto no consumo dos últimos anos.

“Os batalhadores acreditam que as conquistas ocorreram pelos próprios méritos e só é pobre quem não se esforça para trabalhar”, diz Meirelles. A garçonete Maria Consuelo de Souza Lima, de 42 anos, casada e mãe de três filhos e renda mensal de R$ 1.200, é uma típica representante deste grupo. “A vida melhorou nos últimos anos, principalmente no consumo de alimentos e vestuário”, diz Maria Consuelo. Ela está estudando para ser auxiliar de enfermagem porque quer ganhar mais.

A pesquisa mostra que os batalhadores fazem amplo uso do crédito. A garçonete admite que atrasou o pagamento do cartão para ajudar na prestação do carro do filho. De fato, o crédito é muito disseminado entre a nova classe média e é usado por 58% dessa população.

Alavanca. Se os “batalhadores” foram a alavanca do consumo nos últimos anos, Meirelles projeta que, em cinco anos, dois outros grupos integrantes da nova classe média devem puxar para cima esse estrato: o grupo dos promissores e dos empreendedores. Os promissores são os jovens com idade média de 22 anos, a maioria com ensino médio completo e emprego com carteira assinada. Eles respondem por 19% da população desse estrato social e gastaram em 2013 cerca de R$ 230 bilhões com produtos e serviços. O sonho de consumo desse grupo é cursar uma faculdade, ter um smartphone e um notebook.

Já os empreendedores são a menor fatia da população (16%) e detiveram R$ 276 bilhões do consumo em 2013. No entanto, Meirelles diz que eles apresentam a maior perspectiva de ascensão para a classe B e têm pretensões maiores de consumo, como fazer uma viagem internacional. Enquanto isso, o grupo dos experientes é formada por pessoas mais velhas e com menor grau de instrução.

Da Agência Estado