Tombini prevê aceleração do ritmo da economia mundial

Presidente do Banco Central afirma no Senado que recuperação dos EUA tende a beneficiar demais mercados

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, em apresentação na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado nesta terça-feira, 10, disse que a perspectiva é de aceleração moderada no ritmo de crescimento global da economia.

Tombini usou como exemplo a recuperação dos EUA, que vem ganhando força e tende a beneficiar várias economias, inclusive as emergentes. “O maior desafio é assegurar que o período de transição seja o mais suave possível”, afirmou. Sobre a Europa, comentou que os dados apontam para o fim da recessão, mas que as perspectivas ainda são de baixo crescimento, alto desemprego e fragilidades no setor bancário.

Na China, a perspectiva é de acomodação do crescimento em patamar acima de 7% ao ano, afirmou, citando também a agenda de reformas que será implementada no país nos próximos anos. Sobre o Japão, a avaliação do BC é que o programa de estímulo melhorou as perspectivas e que indicadores de curto prazo são positivos. Tombini afirmou, no entanto, que restam dúvidas se esses feitos serão duradouros.

Para os países emergentes, a avaliação é que haverá aceleração em 2014, depois do menor dinamismo visto em 2013. Por tudo isso, ele afirmou que as perspectivas são melhores para 2014. Tombini participa de audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal.

Fim dos estímulos nos EUA. Para Tombini, quanto mais cedo se iniciar a retirada dos estímulos monetários na economia dos EUA, e quanto mais previsível for a velocidade e intensidade desse processo, menor será a volatilidade nos mercados internacionais e mais suave será esse período de transição.

Os Estados Unidos têm injetado US$ 85 bilhões por mês na economia mundial desde o começo deste ano. Além disse, matem seus juros em 0% ao ano desde a crise de 2008, o que faz com que essa dinheirama toda escorra para os mercados que, como o Brasil, pagam maiores rendimentos aos investidores. Quando esse plano for encerrado, existe a tendência de que os investidores saiam dessas praças hoje mais atrativas e retornem aos Estados Unidos. Isso causaria poderia causar forte desvalorização da moeda brasileira cotada em dólares.

Mas Tombini entende que a política econômica do Brasil faz do país um dos destinos mais atrativos para os Investimentos Estrangeiros Diretos (IED). Ele citou ainda os leilões recentes de concessões na área de infraestrutura. “O sucesso desses leilões e as entradas vultosas de IED têm potencial de criar nova dinâmica para o investimento privado no Brasil”, afirmou.

Segundo ele, as empresas que entrarem primeiro nesses projetos vão se estabelecer em posição vantajosa em relação aos concorrentes. Em sua apresentação, Tombini destacou que voltaria a afirmar que a confiança é fundamental para a consolidação do crescimento em bases sustentáveis no País.

Mercado interno e inflação. Tombini entende que, inicialmente, o crescimento vem se materializando de forma gradual. E, sobre a inflação, disse que o Banco Central tem agido de forma a fazê-la convergir para a trajetória de metas, revertendo o processo de elevação observado até o segundo semestre deste ano.

A meta oficial para a inflação é de 4,5% em 12 meses. A última inflação oficial divulgada foi de 5,77% em 12 meses.

Os preços administrados, diz Tombini, devem evoluir em linha com a meta de inflação, de 4,5% no próximo ano.

“Nossa visão dos preços administrados em 2014 é de em torno de 4,5%, maior certamente do que foi este ano”, comparou.

Ele lembrou que, até o final deste mês o BC vai revelar o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), que contém todas as projeções da instituição para os próximos anos. Ele salientou que houve surpresas negativas no ano passado na área de administrados e que esse conjunto de preços é importante, mas representa 25% da cesta dos índices de preços aos consumidores.

Ao responder a um questionamento do senador

Francisco Dornelles (PP-RJ) sobre se a inflação estaria artificial este ano por conta de o governo ter segurado o aumento de alguns preços, como o de combustíveis, Tombini disse que não via uma “inflação artificial” no País.

Do Estado de S. Paulo