Lucro dos bancos atingirá R$ 10,6 bi

Os quatro maiores bancos do país listados na bolsa de valores devem apresentar juntos ao longo das próximas semanas um lucro líquido de R$ 10,6 bilhões referente ao terceiro trimestre deste ano, segundo média compilada pelo Valor, com base nas projeções de até sete casas de análises. A cifra obtida por Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander deve ficar 3,5% superior àquela apresentada em igual período do ano passado.

Pela expectativa dos analistas, o quarteto terá demonstrado um desempenho bastante uniforme entre julho e setembro. Por mais um trimestre, manutenção da qualidade de ativos, controle de custos e expansão de receitas de serviços são itens que permearão o desempenho de todas as instituições. Em outra ponta, ganhos de tesouraria mais fracos na comparação anual vão ficar evidentes.

Na segunda-feira, o Bradesco deve abrir a safra de balanços com um lucro líquido de R$ 3,01 bilhões, segundo média compilada pelo Valor, com base nas projeções de sete casas de análises. Esse valor representa uma expansão de 5,98% em relação ao resultado do terceiro trimestre de 2012.

Os analistas projetam que o desempenho do crédito no segundo maior banco privado do país ficará na direção de alcançar algo entre o piso e o centro da projeção feita pelo Bradesco para 2013, que é de um crescimento entre 11% e 15%.

Para a equipe de analistas do Deutsche Bank, de uma forma geral, os bancos privados mais uma vez mostrarão um crescimento “anêmico” da carteira de crédito.

O Bradesco deve ser a instituição a fechar o ano com a maior expansão, puxada pelos empréstimos para pequenas e médias empresas, financiamento imobiliário e crédito consignado.

Para o Itaú, a corretora do Votorantim prevê que o estoque de crédito deve ficar mais próximo do ponto mais baixo da expectativa de alcançar um intervalo entre 8% e 11% em 2013, por causa dos financiamento a veículos, que não devem ter expansão no banco neste ano.

Critérios mais rígidos de aprovação de crédito também estão contribuindo para a expansão mais moderada do estoque de empréstimos. “A demanda por crédito é forte, mas o Itaú não está planejando voltar a crescer mais agressivamente”, diz o relatório da equipe do BTG Pactual.

Para os analistas do Santander, até o fim deste ano, o Itaú deve retirar de sua carteira créditos – principalmente de veículos – que não foram honrados em safras anteriores. A partir disso, o saldo deve crescer mais aceleradamente, mas mantendo-se em torno de 10% em 2014 e 2015.

Apesar do crédito mais moderado no terceiro trimestre, o Itaú deve mostrar um lucro líquido recorrente de R$ 3,7 bilhões, exibindo uma expansão de 10% em relação a igual período de 2012. Essa variação deve representar o maior crescimento de resultado do quarteto.

Despesas de provisão para crédito em queda e receitas maiores de serviço – puxadas principalmente pela incorporação de 100% da Redecard – serão fatores importantes na composição de resultados do Itaú.

Bastante resistente, a taxa de inadimplência do Santander deve continuar a trajetória de queda iniciada no segundo trimestre deste ano. É um fator que contribuirá, de acordo com a expectativa dos analistas, para que o lucro do banco alcance R$ 1,2 bilhão, com leve alta de 0,5% ante mesmo trimestre do ano passado.

Um pouco fora dos números apresentados por Bradesco, Santander e Itaú, o Banco do Brasil deve demonstrar queda no lucro líquido de 6,2%, para R$ 2,5 bilhões, segundo média de projeções feitas por cinco casas. Apesar de os analistas projetarem que a qualidade dos ativos se manterá sob controle, a margem financeira do banco tem se expandido mais lentamente.

O Banco do Brasil é a instituição cujo estoque de empréstimos mais cresce. O banco estatal já deve dar, porém, alguns sinais de que está colocando o pé no freio nos desembolsos. “Esperamos que a taxa de crescimento [do crédito] desacelere”, diz o Deutsche Bank.

O nível de inadimplência do banco deve seguir resiliente, segundo um relatório do J.P. Morgan que comenta um encontro com executivos do banco estatal. “Na realidade, a instituição está adotando medidas para mitigar o risco”, citam os analisas. No segundo trimestre, a inadimplência do BB ficou em 1,87%, com queda em relação aos quatro trimestres anteriores.

Do Valor Econômico