Juros bancários são os mais baixos desde 1994

Depois da cruzada da presidente Dilma Rousseff contra o alto custo dos empréstimos e financiamentos no Brasil, dados do Banco Central (BC) divulgados ontem mostraram que, em outubro, a taxa média de juros cobrada pelas instituições financeiras nas operações com pessoas físicas ficou em 35,4% ao ano, o menor patamar desde o início da série histórica, em 1994. Em setembro, ela estava em 35,8%. A taxa média cobrada de empresas, por sua vez, caiu de 22,6% para 22,1% ao ano, também o menor valor da série. A taxa média de todas as operações ficou em 29,3% ao ano, em comparação a 29,9% no mês anterior.
Na contramão dessa tendência, o índice de inadimplência de consumidores e empresas – que mede o atraso de pagamento superior a 90 dias – não cedeu, permanecendo em 5,9% há quatro meses, o nível mais alto da série histórica. Entre empresas, ficou em 4,1%, e entre pessoas físicas, em 7,9%.
– A inadimplência no mês, para não dizer que tudo são flores, permanece estável. Mantemos a expectativa de redução ainda este ano, tendo em vista que o crescimento do emprego e da renda contribuíram para isso, e também a redução da própria taxa de juros – disse Tulio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC.
Spread bancário cai pela oitava vez
Ele considerou que, no ano passado, o aumento do calote foi causado pela expansão de crédito no fim de 2010, sobretudo para o financiamento de veículos. O BC informou ainda que a diferença entre o custo de captação dos bancos e a taxa cobrada do consumidor final, o chamado spread bancário, caiu pela oitava vez seguida e atingiu 22% em outubro, ante 22,3% em setembro.
Maciel destacou que, ao longo do ano, houve queda expressiva das taxas de juros cobradas pelas instituições financeiras. Segundo ele, enquanto o volume de crédito do cartão, incluindo parcelas com juros e rotativo, cresceu 22% em 2011, no acumulado dos 12 meses até outubro, houve alta de apenas 2,4%. No cheque especial, cujo volume de crédito crescera 16% em 2011, até outubro houve recuo de 1,6%.
– Ao longo do ano, modalidades com taxas de juros mais altas, caso do rotativo e especial, têm crescido menos que as modalidades com taxas menores, como crédito pessoal e consignado (com desconto em folha de pagamento). Isso é uma contribuição importante para a redução da taxa – disse.
O crédito total oferecido pelo sistema financeiro no Brasil subiu 1,4% em outubro. Uma análise dos dados mostra que os bancos públicos continuam puxando a oferta de crédito.
Do Estado de S. Paulo