Vendas nas concessionárias de SP caem 22% no final de semana, mas IOF não é causa
O movimento nas concessionárias de São Paulo está cada vez menor. E somente neste último final de semana, mesmo com a realização de três feirões, as vendas de veículos caíram cerca de 22%, se comparadas às médias dos últimos finais de semanas do ano.
“Está havendo uma forte desaceleração nas vendas de veículos para os consumidores, reflexo de início de esgotamento do poder de compra”, explica o economista da agência de varejo automotivo MSantos, Ayrton Fontes. Segundo ele, a queda no fluxo de consumidores das concessionárias deve-se ao fato de eles ainda estarem saindo de dívidas feitas no final de ano e terminando de pagar as contas parceladas de início de ano.
Para ele, o aumento da alíquota do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para pessoa física, de 1,5% ao ano para 3% ao ano, não afetou o mercado automobilístico. “Não gerou ainda nenhum impacto, o consumidor não está vendo isso”, diz.
Financiamentos em alta
“Ainda há preferência dos consumidores para financiamentos feitos por meio de CDC [Crédito Direto ao Consumidor]. O mercado esperava uma migração para o leasing e para o consórcio, modalidades em que não há incidência de IOF, mas isso ainda não aconteceu”, afirma.
Diante da desaceleração, Fontes espera certa manutenção nos emplacamentos de veículos, considerando automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões. Em março, foram mais de 306 mil unidades vendidas. Para este mês, o economista calcula que devem ser comercializadas cerca de 310 mil unidades.
Sustentação do mercado
O economista explica que, enquanto as vendas aos consumidores finais caem, as vendas diretas a frotistas aumentam. E elas são uma das alternativas que sustentam as vendas de veículos. As comercializações diretas são encomendas feitas pelas empresas diretamente às montadoras.
De acordo com Fontes, cerca de 20% do faturamento das montadoras advém desse tipo de comercialização, considerando desde as compras feitas pelas MPEs (Micro e Pequenas Empresas) até aquelas feitas por grandes corporações. “É uma maneira de as montadoras escoarem a produção”, afirma.
E essa produção está alta, lotando os páteos das montadoras. Os estoques, calcula o economista, estão cerca de 60% maiores que a média considerada normal. Um veículo fica parado cerca de 43 dias, diante dos 27 dias considerados ideais.
Do InfoMoney