BNDES tem lucro recorde de R$ 9,9 bilhões em 2010
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) registrou lucro líquido recorde de R$ 9,9 bilhões em 2010, o que corresponde a um aumento de 47,2% em relação aos R$ 6,7 bilhões obtidos em 2009.
A instituição afirmou em nota que os principais fatores que contribuíram para o desempenho no ano passado foram a receita com reversão para risco de crédito, de R$ 2,9 bilhões; o crescimento de 54,4% do resultado com participações societárias, em R$ 2,2 bilhões; e a expansão de 20,9% no produto bruto de intermediação financeira, em R$ 1,2 bilhão.
A carteira de crédito alcançou R$ 362 bilhões, 27,5% maior do que no final de 2009. O patrimônio líquido totalizou R$ 65,9 bilhões, correspondendo a um patrimônio de referência de R$ 83,1 bilhões, superior aos R$ 54 bilhões obtidos em 2009.
O patrimônio de referência é a base utilizada pelo Banco Central para definir limites prudenciais que devem ser seguidos por todas as instituições financeiras. Quanto maior for o patrimônio de referência, maior a capacidade do banco de conceder financiamento.
O crescimento resultou, basicamente, da avaliação a valor justo da carteira de participações societárias em empresas não coligadas (aquelas nas quais a BNDESPar não exerce influência na gestão) em conformidade com o processo de convergência contábil internacional, que gerou um aumento de R$ 45 bilhões em relação à antiga metodologia, que refletia o custo de aquisição.
O índice de Basileia chegou a 18,6%, frente aos 11% exigidos pelo Banco Central. A inadimplência do BNDES representou 0,15% da carteira total, queda em relação aos 0,20% registrados no balanço de dezembro de 2009. Do total de créditos concedidos, 98,5% estão classificados entre os níveis de risco AA e C.
Os ativos totais somaram R$ 549 bilhões em 31 de dezembro de 2010, um crescimento de 42% em relação ao mesmo período de 2009. Tal aumento foi possibilitado pelas captações do Tesouro Nacional, que totalizaram R$ 105 bilhões em 2010.
IFRS
O BNDES comentou ainda os efeitos no resultado da aplicação das normas contábeis internacionais (IFRS). O patrimônio líquido do banco (R$ 69,8 bilhões) apresentou acréscimo de R$ 3,9 bilhões (5,9%) como resultado da diferença do critério para cálculo da provisão para risco de crédito, com impacto positivo em R$ 2,4 bilhões. Os cálculos passaram a considerar perdas incorridas, que afetam o fluxo de caixa futuro da operação, e não perdas esperadas.
O patrimônio também foi afetado pela transferência do deságio em aquisição de ativos no valor de R$ 2,3 bilhões (R$ 1,5 bilhão líquido dos respectivos efeitos tributários) para o resultado, que representa um ganho na aquisição de investimentos.
Pelo IRFS, tal ganho deve ser reconhecido como receita no momento da operação. Já pelas regras do Banco Central deve ser apropriado ao resultado ao longo do tempo, proporcionalmente à realização de seu fundamento econômico, explica o BNDES.
O ativo total (R$ 553,8 bilhões) foi acrescido de R$ 4,7 bilhões (0,9%), influenciado, também, pela diferença no cálculo da provisão para risco de crédito (R$ 2,4 bilhões) e pela transferência do deságio (R$ 2,3 bilhões).
No lucro líquido, houve uma redução de R$ 1,0 bilhão frente ao padrão contábil do Banco Central, como contrapartida da reversão de provisão para risco de crédito. Segundo o BNDES, isto decorre do fato de que parte do lucro de 2010 (R$ 2,9 bilhões) foi gerada por reversão de provisão. No IFRS, uma parcela dessa reversão, de R$ 848 milhões, foi atribuída a exercícios anteriores.
“A aplicação do IFRS reflete melhor o resultado das operações da instituição à medida que ganhos e perdas, econômicos ou financeiros, são imediatamente reconhecidos nas demonstrações financeiras. Além disso, representam um ganho significativo de qualidade de informações, proporcionando maior transparência para o mercado e facilitando a comparação com outras instituições, nacionais e internacionais, que também preparam os seus demonstrativos no padrão internacional”, destacou o banco em nota.
Do Valor Econômico