Financiamento de carro novo cresce 15,7%

O volume de financiamentos para a compra de veículos novos registrou crescimento de 15,7% em agosto, na comparação com o mesmo período do ano passado, encerrando o mês com saldo de R$ 173,1 bilhões. No acumulado do ano o incremento foi de 10% – ante os primeiros oito meses de 2009. Isso é o que aponta levantamento da Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras).

Segundo o presidente da Anef, Décio Carbonari de Almeida, o resultado reflete o bom momento da economia brasileira. “Com o desemprego em queda e o aumento do poder de compra, a tendência é que os financiamentos para veículos novos continuem crescendo”, diz. “Com a elevação da renda, muita gente que pertencia à classe C ascendeu à classe B, e quem integrava a B passou a fazer parte da A, o que refletiu na busca por crédito para a aquisição de carro novo.”

Na avaliação do consultor Paulo Roberto Garbossa, diretor da ADK Automotive, a estabilidade econômica gera oportunidade para quem antes sequer cogitava financiar um automóvel zero-quilômetro. “Além disso, com a facilidade da obtenção de crédito, a briga não fica somente entre as montadoras para oferecer mais atrativos, mas também se estende aos bancos, que disputam taxas de juros menores”, explica.

Carteiras
Dos R$ 173 bilhões financiados em agosto, R$ 120,8 bilhões referem-se ao CDC (Crédito Direto ao Consumidor), modalidade preferida por pessoas físicas. A procura pelo CDC obteve crescimento expressivo de 41,6% em relação a agosto de 2009, quando o montante emprestado era de R$ 85,3 bilhões.
Dentre as suas vantagens estão descontos maiores em caso de liquidação da dívida e abatimento no valor da prestação caso sejam pagas duas de uma só vez, uma referente ao mês vigente e a última do financiamento. Além disso, o documento do automóvel fica no nome de seu proprietário, mesmo que ele permaneça alienado até a quitação da dívida.

O restante, R$ 52,3 bilhões, diz respeito aos financiamentos obtidos por meio de leasing – alternativa para para pessoas jurídicas. A carteira da modalidade apresentou retração 18,7% em comparação a agosto de 2009, quando foram concedidos R$ 64,3 bilhões em crédito.

O leasing vem perdendo espaço por ser mais burocrático, embora apresente juros um pouco menores. O proprietário tem que esperar 24 meses se quiser pagar seu valor total, o documento do veículo fica em nome da financeira até a liquidação do dívida e, na hora de passar para seu nome, existe despesa adicional para a transferência. Por isso, acaba sendo mais procurado por empresas.

“Muitos bancos preferem nem oferecer a modalidade porque há pessoas que deixam de pagar IPVA (Imposto sobre Propriedade Propriedade de Veículos Automotores) e multas, e, dessa maneira, os órgãos de trânsito acabam cobrando as empresas de leasing”, diz Almeida.

O presidente da Anef destaca que a expectativa inicial da Anef era de que o volume de crédito encerrasse 2010 entre R$ 170 bilhões e R$ 180 bilhões. “Agora, R$ 180 bilhões serão o piso mínimo para fechar o ano.”
Para Garbossa, a tendência é que o consumidor possa se planejar cada vez mais, já que a economia deve permanecer estável. “Acredito que as facilidades para adquirir veículo novo devam seguir crescendo, pois, independentemente de quem assumir a Presidência, não haverá grandes mudanças. É como diz o ditado: Não se mexe em time que está ganhando.”

Com FEM/CUT