Citroën acirra competição com 1º modelo brasileiro

A entrada da francesa Citroën no segmento de automóveis esportivos acirra a disputa no País e amplia o mix do mercado nacional, que já contava com os modelos Fiat Idea Adventure e Ford EcoSport e Volkswagen Crossfox. Além disso, o lançamento coloca o Brasil sob os holofotes do mercado automotivo mundial, uma vez que o modelo Citroën Aircross foi concebido por designers locais.

Este, segundo a companhia, é o primeiro passo da montadora rumo ao crescimento de 180% nos próximos dez anos, ao fim dos quais pretende deter 4,3% do mercado brasileiro. Este é também o primeiro modelo da companhia na categoria, que tem a América Latina como principal mercado.

O processo de desenvolvimento do modelo consumiu 180 milhões de euros em investimentos. A empresa movimentou inclusive sua base de fornecedores, à qual adicionou empresas que fornecem peças exclusivamente para o novo veículo.

O segmento SUV (sigla em inglês de sport utility vehicle, ou veículo utilitário esportivo), que comporta também modelos mais vistosos e bem mais caros, como o Porsche Cayenne, apesar de sofrer um leve declínio no País, ainda é o mais visado pelos fabricantes. Ivan Ségal, presidente da Citroën no Brasil, acredita que o novo modelo deve capitanear um momento de leve crescimento ou, no pior dos cenários, uma estabilização no segmento. “O mercado estava carente de novos modelos e deve ter um leve crescimento nos próximos anos”, afirma.

SUV
Os modelos SUV compacto tiveram queda nos mercados que sofreram mais com a crise financeira mundial, mas nos mercados emergentes a tendência também é de queda. No entanto, Márcio Codogno, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Autopeças (Anfape), afirma que para modelos como o Ford Eco Sport, o VW Crossfox e agora o Citroën Aircross, não sofrerão este impacto. Segundo ele, estes modelos compactos de SUV têm o desempenho de um carro comum. Eles são apenas uma solução caseira para um carro de estrada com uma base de um carro menor, explica ele.

“De fato, o Aircross é construído sobre a base do modelo C3 da montadora. Esta solução satisfaz os fabricantes, pois mantém o mercado aquecido, e satisfaz também o consumidor, que tem um carro diferenciado”, explica Codogno.

A companhia espera um aumento de 30% das vendas no próximo ano, elevando a 115 mil unidades os números de 2010, que preveem 85 mil veículos vendidos. Nos próximos três anos, a companhia vai aportar mais 700 milhões de euros em sua área industrial.

Este resultado reflete um projeto de transformação da marca, que foi lançado há um ano e meio, explica Segal.

As expectativas são de que a produção do novo modelo da Citroën atenda o mercado nacional e a América Latina. Entretanto, o modelo gerou interesse entre os diretores europeus da empresa. “Os executivos da matriz francesa gostaram muito do Aircross, mas o mercado europeu demanda carros maiores”, explica Frédéric Banzet, presidente mundial da montadora. “O modelo é muito bem-aceito no mercado latino, por isso a estratégia foi fazer o lançamento mundial no Brasil”, completa.

O modelo entra no preço de um segmento que vende 110 mil veículos anualmente e conseguiu, no primeiro semestre do ano, um avanço de 12% no mercado latino. Para próximo ano, a meta é deter uma fatia de 3,4% do mercado, com a venda de mais de 12 mil unidades.

Forncedor
A visão da fabricante francesa é que o Brasil tem fornecedores de qualidade para atender às demandas do crescimento esperado pela empresa.

Para o novo processo produtivo, foram incorporados novos fornecedores à base da empresa, como a Autometal, que fornece material para o teto do veículo, e a Arteb, que desenvolveu a lanterna traseira. “O Brasil tem excelentes fornecedores, e, na fabricação do Aircross, são usados 80% de fornecedores locais”, afirma Christophe Happé, diretor de Projeto da Citroën Brasil.

O investimento que um novo modelo demanda, segundo Márcio Codogno, é dividido entre a montadora e uma série de fornecedores. Mas o grande impacto de um novo modelo na indústria de autopeças são as peças de reposição. Na curva do tempo, o impacto mais importante são as peças de manutenção, pois a vida útil de um carro pode chegar a 20 anos, afirma Codogno.

Os preços do novo carro da Citroën vão de R$ 50 mil a R$ 60 mil.

 Do DCI