Alta do real reduz dívida externa brasileira

A queda da dívida externa conteve o avanço da dívida pública total, que aumentou apenas 0,31% em maio, mesmo com o crescimento de R$ 12,46 bilhões da dívida interna em títulos públicos

A forte valorização, de 9,42%, do real em relação ao dólar em maio reduziu em 6,7% a dívida externa do governo federal e ajudou a diminuir o custo do endividamento público. A dívida externa diminuiu R$ 8,19 bilhões e fechou o mês em R$ 114,05 bilhões.

A queda da dívida externa conteve o avanço da dívida pública total, que aumentou apenas 0,31% em maio, mesmo com o crescimento de R$ 12,46 bilhões da dívida interna em títulos públicos.

Ocorre que, mesmo com o processo de queda da taxa básica de juros, a Selic, os encargos de juros que incidem sobre o estoque da dívida pública interna continuam elevados: foram R$ 10,02 bilhões em maio.

A dívida pública federal (que inclui a externa e a interna) atingiu R$ 1,38 trilhão em maio, patamar inferior ao registrado no fim do ano passado, quando estava em R$ 1,39 trilhão.

Segundo dados divulgados ontem pelo Tesouro Nacional, a dívida interna subiu 0,99% em maio, chegando a R$ 1,27 trilhão. A parcela dos títulos da dívida prefixada saltou de 28,51% em abril para 29,83% do total em maio. Esses papéis são considerados de menor risco para o Tesouro porque têm a taxa definida no momento da venda.

Com a melhora do cenário econômico, o Tesouro identificou um aumento mais significativo da demanda dos investidores pelos títulos prefixados.Segundo o coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro, Guilherme Pedras, esse aumento da demanda se refletiu nas taxas de juros dos papéis do Tesouro, que caíram em torno de 0,5 ponto porcentual entre abril e maio. “Houve maior procura por papéis prefixados, tanto curtos como longos”, disse ele.

A demanda de investidores estrangeiros pelos títulos também aumentou. “Os estrangeiros entraram mais fortemente em maio”, comentou Pedras. O coordenador atribuiu o aumento da demanda à melhora das perspectivas econômicas e ao processo da queda de juros.

A queda dos índices de inflação em relação ao ano passado e da taxa Selic e a valorização do real ante o dólar reduziram de 15,13% para 14,36% ao ano o custo médio da dívida pública federal acumulado em 12 meses.

“O câmbio teve um efeito relevante nessa queda”, observou Pedras. O parcela da dívida a vencer em 12 meses, que corresponde ao endividamento de curto prazo, caiu de 28,58% para 26,71% do total. Esse é o indicador de sustentabilidade da dívida pública muito observado pelos investidores.

Do O Estado de S. Paulo