Brasil “vira o jogo” e amplia exportações para a África

Os setores de biocombustíveis, alimentos industrializados, máquinas e equipamentos são apontados como os mais promissores para os exportadores brasileiros

O comércio de empresas brasileiras com países africanos cresce sem parar. Até o ano passado, com déficit para o Brasil, mas, no início de 2009, essa situação mudou. No primeiro quadrimestre –segundo o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior)–, o Brasil “virou o jogo”. As exportações para os africanos somaram US$ 2,717 bilhão enquanto as compras da África totalizaram US$ 1,826 bilhão.

Para as contas do País, esse dado representa uma boa notícia, uma vez que o MDIC prevê que a receita das exportações do país em 2009 chegue a US$ 160 bilhões, recuo de 19% em relação ao ano passado.

Mas o desempenho reflete o pé no freio do comércio internacional. Em relação a igual período de 2008, enquanto a receita dos embarques brasileiros para a África avançou 3,7%, os gastos nacionais com importações de países africanos baixaram contundentes 57,1%.

Açúcar e veículos lideraram a pauta de embarques brasileiros para a África. Na outra mão de comércio, petróleo e produtos de origem mineral.

“O Brasil deveria se tornar ´acionista´ da África”, diz Fábio Silveira, diretor da RC Consultores. “Em geral os africanos têm mercados nascentes, economias básicas com pouca industrialização e sem mecanismos de crédito desenvolvidos.”

Segundo André Sacconato, economista da Tendências Consultoria, é natural, do ponto de vista econômico, que o Brasil, mais desenvolvido, tenha registrado até o ano passado déficit comercial na balança comercial com a África. “Basta comparar com o que ocorre com os Estados Unidos ante o resto do mundo”, diz.

Acerto da China
Por isso, para Silveira, da RC, “certos estão os chineses, que, na África, investem nas áreas de energia e alimentos”. O Brasil também se movimenta nesse sentido, com empresas de commodities, como Petrobras e Vale, desenvolvendo projetos em países africanos, a exemplo de construtoras.

Alessandro Teixeira, presidente da Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos), destaca que, em 2008, apenas três países responderam por 51,8% das exportações nacionais para o continente –Angola (com 19,4%), África do Sul (17,3%) e Nigéria (15,1%). É possível diversificar, avalia a Apex. A África tem 53 países.

Os setores de biocombustíveis, alimentos industrializados, máquinas e equipamentos são apontados como os mais promissores para os exportadores brasileiros. Para Teixeira, o Brasil tem como se posicionar como fornecedor do que chama de “tecnologia média”, ampliando atuação para as áreas de transportes, eletroeletrônicos, têxteis, calçados e produtos químicos.

A Apex programou, até a metade de 2010, investimento de US$ 5 milhões na montagem de escritórios em Angola, África do Sul e Moçambique.

Da Folha de S.Paulo