Pior fase para emprego na indústria paulista já passou, avalia Fiesp

A análise referente à primeira quinzena de maio marcou 53,2 pontos, o que significa que as expectativas do mercado estão otimistas, dado que, nesta medição, patamares superiores a 50 indicam avaliação positiva do setor

A pior fase para o emprego na indústria paulista está sendo abandonada. Foi o que afirmou nesta quinta-feira (14) Paulo Francini, diretor do departamento econômico da Federação das Indústrias de Estado de São Paulo (Fiesp), depois de divulgar que o setor industrial criou 19 mil vagas no Estado em abril, uma alta de 0,8% frente ao mês anterior, sem ajuste sazonal.

O indicador com ajuste sazonal, no entanto, apresentou queda de 1,09% , recuo que, segundo Francini, foi influenciado principalmente pelo setor de açúcar e álcool. “Houve um aumento dos empregos do setor em abril, mas foi menor do que o avanço que geralmente se verifica neste mês”, explicou o diretor. Em abril do ano passado, foi registrada uma alta de 0,42% nos empregos, enquanto no ano anterior, houve um avanço de 0,39%.

Segundo ele, neste ano, o início das contratações com a intensificação dos trabalhos das usinas de açúcar e álcool, comumente verificada em abril, foi adiantado para março. “Algumas usinas começaram, já no terceiro mês, a moer mais rápido”, disse. Esta situação é evidenciada no indicador de março, que registrava uma queda de apenas 0,29% nas vagas de emprego na indústria paulista frente ao mês anterior, no dado com ajuste sazonal.

Somente no setor de produtos alimentícios, foram criadas mais de 37 mil vagas em abril, sendo que no setor de fabricação de coque, produtos derivados de petróleo e de biocombustíveis, mais 781 pessoas conseguiram emprego.

Na análise regional, o interior de São Paulo apresentou uma variação positiva do indicador sem ajuste sazonal, com aumento de 2,15% nas contratações, enquanto, na região da Grande São Paulo, pôde se verificar um recuo de 1,26%, na comparação mensal do índice de empregos.

“O resultado, em geral, já mostra que há uma atenuação na perda de empregos na indústria paulista”, afirmou Francini, enfatizando que a alta de 0,80% sem ajuste em abril, é maior do que avanço de 0,31% do indicador de março e bem melhor do que a queda de 1,8% verificada em fevereiro.

Esta tendência de alta pode ser verificada também por meio do Sensor Fiesp, indicador que aponta qual é a percepção dos agentes da indústria sobre o período corrente. A análise referente à primeira quinzena de maio marcou 53,2 pontos, o que significa que as expectativas do mercado estão otimistas, dado que, nesta medição, patamares superiores a 50 indicam avaliação positiva do setor.

“Diante deste indicador, não nos surpreenderíamos se, já em maio, observássemos uma estabilização do emprego na indústria paulista nos outros setores”, afirmou o diretor, excluindo o setor de açúcar e álcool, que são comumente instáveis.

Dentre as variáveis que compõem o Sensor, chama atenção a melhora do ítem “estoques”, com 44 pontos, que desde novembro não apresentava este patamar. “Apesar de ainda negativo, este é um prenúncio de que a produção pode logo se ajustar à demanda”, explicou Francini.

Todos os demais itens – mercado, vendas, emprego e investimento – ficaram acima da barreira dos 50 pontos. “Isto mostra que estamos no percurso de uma melhora. Mas não podemos esquecer que demissões residuais da crise ainda podem ocorrer em maio”, ponderou o diretor do departamento de economia da Fiesp.

Do Valor Online