Brasil em alta no Fórum Econômico Mundial

Para o empresário Marcelo Odebrecht, a crise abre oportunidade para empresas latinas conquistarem novos mercados. "Empresas do País vão ampliar mercados, com aquisições, quando a crise passar"

O Brasil começou em destaque na versão latino-americana do Fórum Econômico Mundial, que ocorre no Rio até quinta-feira (16) com a presença dos presidentes Lula e Álvaro Urihe (Colômbia) e de executivos nacionais e internacionais. Para o empresário Marcelo Odebrecht, a crise abre oportunidade para empresas latinas conquistarem novos mercados. Empresas do País vão ampliar mercados, com aquisições, quando a crise passar, diz executivo

As empresas latino-americanas com políticas responsáveis de gestão nos últimos anos – com baixa exposição ao risco – têm a oportunidade agora, com a crise global, de conquistar novos mercados. A avaliação é do empresário Marcelo Odebrecht, presidente do grupo Odebrecht, que vai participar, nos próximos dois dias, dos debates da versão latino-americana do Fórum Econômico Mundial. Para Odebrecht, a crise vai criar oportunidades não só de aquisições para empresas brasileiras, como também de crescimento orgânico.

Com Odebrecht, mas sem a presença de boa parte das cabeças coroadas que todos os anos dão o ar da graça em Davos, na Suíça, o evento, que começou ontem com um jantar fechado no hotel Copacabana Palace, trouxe para o Rio de Janeiro nomes como o de Timothy Flynn, diretor da KPMG Internacional, Lord Levine, diretor do Loyds de Londres, e Pamela Cox, vice-presidente do Banco Mundial para a América Latina e Caribe.

Do lado brasileiro, além do próprio Odebrecht, também estão previstas as participações do secretário estadual de Fazendo do Rio, Joaquim Levy, e Ricardo Villela Marino, CEO do banco Itaú-Unibanco para a América Latina e Caribe. O ponto alto do primeiro dia de debates, hoje, será mesmo a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que vai participar de uma plenária com o colega colombiano, Álvaro Uribe, e Klaus Schwab, fundador e diretor do Fórum.

Momento apropriado
Em entrevista ao Jornal do Brasil em março, o secretário Joaquim Levy avaliou a edição latino-americana do Fórum como a oportunidade para a exposição dos avanços institucionais do Brasil nos últimos anos. Para Levy, a realização do evento no Brasil representa a coroação da boa fase da economia brasileira.

Em entrevista ao site do Fórum, Odebrecht também reconhece os avanços não só do Brasil, mas dos países do continente. Vê como fundamental para a superação da crise, no entanto, a persistência no esforço pela estabilidade econômica. O esforço, justificou, deverá contribuir para um novo ciclo de investimentos externos no continente depois da recuperação.

– Mantendo a forte demanda doméstica, estabilidade econômica e política, a América Latina pode se manter como um mercado atrativo para investimentos quando a economia global se recuperar – afirmou o presidente do grupo Odebrecht.

Embora reconheça as dificuldades impostas pela crise, o executivo identifica na turbulência a oportunidade para a conquista de novos mercados pelas empresas brasileiras. A expansão, projeta Odebrecht, poderá ocorrer não só por meio do chamado crescimento orgânico, com aumento de vendas, mas também por aquisições.

– As companhias da América Latina com crescimento sustentável e menor risco vão atravessar essa crise relativamente mais fortes do que aquelas que tiveram maior exposição ao risco – afirma o executivo. – Aquelas que sofrerem menor impacto da crise vão ter mais chances de ampliar sua participação no mercado mundial, tanto por meio de aquisições quanto de crescimento orgânico, devido não só à capacidade de cash, como também às condições financeiras mais fortes. As empresas da América Latina verão essa crise como uma oportunidade única de tornarem-se players-chave do mercado global.

Tanto Odebrecht quanto Timothy Flynn, diretor da KPMG Internacional, veem os países do continente mais fortes para lidar com a crise mundial, diferentemente de outros tempos. Embora identifique maiores dificuldades para o México e países centro-americanos devido à dependência das exportações aos Estados Unidos, Flynn vê as economias de Brasil e Argentina em melhores condições para enfrentar os efeitos da crise. Os dois países, justifica o diretor da KPMG, levam vantagem devido à maior diversificação da pauta de exportações.

– O Brasil tem a vantagem de ter um sistema bancário nacional mais saudável e de estar investindo em infraestrutura com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – afirma Flynn. – A boa notícia é que os bancos da região, de um modo geral, não estavam carregados com os chamados derivativos tóxicos. O impacto da crise, no entanto, se dará pela queda da demanda e pela redução dos preços das commodities, principalmente petróleo e minerais. Isso tem causado problemas para as economias da América Latina que dependem pesadamente das exportações de commodities.

Do Jornal do Brasil