Brasil não precisa do FMI, diz Guido Mantega

Segundo ministro da Fazenda, Fundo Monetário Internacional precisa de mais US$ 500 bilhões a US$ 1 trilhão em dinheiro. Maqntega comemora aprovação de linha proposta pelo Brasil

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, comemorou, nesta terça-feira (24), a aprovação de uma linha de crédito pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), que foi feita com base em sugestões do Brasil, que destinará recursos a países em dificuldade, por conta da crise financeira internacional, de forma mais rápida e menos burocrática.

“O objetivo não é nós tomarmos recursos nessa linha. Nós não precisamos. Estamos pensando em outros países que precisam de liquidez neste momento, e esta linha vai facilitar ao país reativar o seu comércio, reativar investimentos e cobrir as suas contas externas. Acho que é um avanço do Fundo”, disse o ministro Mantega.

Atualmente, o Brasil possui cerca de US$ 200 bilhões em reservas internacionais, um diferencial que não possuía nas crises anteriores, e também possui uma linha de troca de moeda de até US$ 30 bilhões com o Federal Reserve (o BC norte-americano).

Nova linha de crédito
Segundo avaliação de Mantega, a nova linha de crédito é um avanço, porque não exige monitoramento constante da economia dos países e nem o estabelecimento de metas de desempenho.

“Essa é uma linha que é um pleito do Brasil, que temos apresentado ao Fundo nas últimas reuniões. Os recursos da linha podem ser liberados muito mais rapidamente para os países que necessitam dela. É uma linha que não tem condicionalidades. Não precisa mandar missão do Fundo no país para ver como está ou não está. Não tem aquela coisa desagradável de carta de intenções que o Brasil fazia no passado. Então, é um avanço. Eu diria que é praticamente uma vitória nossa, do Brasil”, afirmou.

Mantega explicou, porém, que os países que buscarem recursos no FMI, por meio desta linha de crédito, têm de apresentar um histórico de “solidez econômica”. “Não pode ser um país que não teve responsabilidade e não cuidou de suas contas. Na verdade, muitos países tiveram um bom comportamento antes de essa crise acontecer”, disse ele.

Segundo o ministro, as taxas de juros desta linha de crédito são “reduzidas” (de 1,5% a 3% ao ano). “A linha tem a duração parecida com a linha de ´stand by´, de três anos e meio de carência e cinco anos para pagar. A taxa de juros varia de 1,5% a 3% ao ano. As condições são bastante vantajosas”, disse.

FMI precisa de recursos
Mantega confirmou que o FMI precisará, no futuro, de mais recursos para poder emprestar aos países em dificuldade. Atualmente, segundo ele, a instituição de crédito internacional possui US$ 250 bilhões em caixa e há uma promessa, do Japão, de aportar mais US$ 100 bilhões no FMI. Entretanto, ele estimou que será necessário um aporte de mais US$ 500 bilhões a US$ 1 trilhão no FMI.

“Vamos pleitear, nas reuniões do G-20, que outros países coloquem mais recursos no FMI para que ele possa redistribuir pelos países necessitados. O Brasil poderá até colocar, mas é mais importante que os países que têm grande fluxo positivo de capital, como os EUA, a China e o Japão, que têm um grande excedente, estejam dispostos a colocar mais recursos no FMI. Os necessitados são a maioria dos emergentes”, afirmou.

Programa norte-americano
O ministro da Fazenda avaliou ainda ser “muito importante” que os Estados Unidos se preocupem com os chamados “ativos tóxicos”. “Porque eles [ativos tóxicos] são hoje o principal obstáculo para a regularização do crédito e da confiança internacional. Então, é um passo importante. Não sei qual é a eficácia [das medidas anunciadas ontem]. Não estudei a fundo o programa, mas tudo que for feito no sentido de equacionar essa questão dos ativos tóxicos é bem-vindo. É urgente que os EUA tomem medidas, porque até agora isso não foi equacionado e o crédito internacional é deficiente”, afirmou.

Do G1