Para entender a crise, desligue a televisão

O economista Luiz Gonzaga Belluzzo disse que uma das formas de superar a crise da especulação é gastar e comprar para fazer a roda da economia girar. "A pior coisa é a Miriam Leitão aparecer na tevê e dizer que não podemos gastar. Desligue a tevê porque ela não entende nada. Cuidado com o que ela diz!", alertou.

O economista Luiz Gonzaga Belluzzo disse que uma das formas de superar a crise da especulação é gastar e comprar para fazer a roda da economia girar. “A pior coisa é a Miriam Leitão aparecer na tevê e dizer que não podemos gastar. Desligue a tevê porque ela não entende nada. Cuidado com o que ela diz!”, alertou.

Belluzzo comentou que, se ninguém gastar, o comércio e a indústria param, com demissões. Ao falar para uma platéia de metalúrgicos na noite de segunda-feira no Sindicato, o economista lembrou que, “se ninguém comprar carro, vocês não recebem salário”.

Quando perguntado porque a mídia não conseguiu perceber a chegada da crise, ele afirmou que, normalmente, os economistas consultados são ligados ao sistema financeiro e não podem anunciar uma coisa que eles estão fazendo.

Visão torta
Além disso, Belluzzo comentou que os jornalistas foram criados com a visão de que é preciso cortar gastos.
“Eles não sabem o que falam”, repetiu. Esse cortar gastos se refere aos governos que, na visão neoliberal, tem de cortar em áreas essenciais e investimentos.
Para o economista, o governo federal está certo ao agir para que a demanda não caia, pois os bancos estão com dificuldade de conseguir crédito externo para financiamento.
“O governo tem de fazer isso. A repercussão na mídia não é boa, pois aqui no Brasil os gastos do governo foram demonizados, parecem coisa do demônio. Mas o governo está certo, pois ele representa os interesses coletivos”, avisou.
Para ele, todas as decisões têm de ser tomadas rapidamente, antes que caia o emprego e a renda, pois dessa maneira ficará mais difícil superar a crise.

Acabou o comando norte-americano
De acordo com o economista, o Brasil está bem posicionado para se defender de uma recessão. “Antes, tínhamos crise por causa das fragilidades. Agora, temos uma boa situação fiscal, com superávite primário (arrecadação maior que despesas) e reservas internacionais de 200 bilhões de dólares”, comentou. Para ele, acabou a hegemonia dos Estados Unidos nas decisões financeiras internacionais. “Antes, nas crises, era o G7 ou G8 (grupo dos países mais ricos) que se reunia. Agora, a reunião do G20 é sintomática.
 Afinal, os países emergentes têm participação de mais de metade da taxa de crescimento mundial e a gestão monetária não pode mais se restringir a um país”. Ele lembrou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) sempre ditou regras apontando para a recessão e o desemprego aos países em situação financeira ruim: “Agora ninguém quer isso, ninguém quer a recessão”. Mesmo com esse entendimento, o economista acredita que a reconstrução do sistema financeiro vai ser um processo doloroso e conflituoso. “A recuperação da crise vai ser aos tropeções”. Belluzzo disse que haverá a necessidade de termos uma moeda latino americana “que vai ser comandada pelo Brasil, pois Lula mantém os países vizinhos próximos”.

Da Tribuna Metalúrgica