Ipea prevê cresceimento de 4% para o Brasil em 2009

De acordo com o presidente do Instituto, Marcio Pochmann, "seria interessante" a redução ou uma parada com viés de baixa da taxa de juros básica Selic

A economia brasileira deve crescer cerca de 4% em 2009, avalia Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), órgão da Secretaria de Assuntos Estratégicos. “Não é irreal imaginar uma expansão ao redor de 4%”, declarou.

O economista explicou que, por um “efeito estatístico”, se este ano o PIB crescer 5%, o PIB do ano que vem terá aumento de pelo menos entre 2,8% e 3%, “a não ser que haja recessão”, o que ele não espera.

Pochmann afirmou também que, em sua opinião, “seria interessante” a redução ou uma parada com viés de baixa da taxa de juros básica Selic. Ele comentou que “dentro da visão ortodoxa do BC, é interessante destacar que estancaram a subida dos juros”. Em decisão tomada anteontem, a taxa Selic foi mantida em 13,75% pelo Banco Central, sem viés de baixa.

Para Pochmann, a desaceleração da atividade econômica em função da crise internacional faz com que haja uma tendência de queda no “núcleo duro” da inflação. Ele comentou que há uma convergência de redução nas taxas de juros no mundo devido à crise, e que a taxa brasileira é das mais altas. Segundo ele, é difícil avaliar se o pior já passou.

“Temos uma situação de crise de longa duração”, disse. Para ele, “está em xeque” o padrão da economia do século XX. Ele considera é necessário reconstruir a regulação do sistema financeiro internacional. “As ações até agora são sobre os efeitos da crise, e não sobre as causas da crise”, disse. Para Pochmann, as causas estão ligadas à descrença na moeda de curso internacional, que é o dólar, e à necessidade de refundação das regras e das instituições do sistema financeiro internacional.

Ele chama a atenção para que os “direitos à riqueza”, representados pelos investimentos financeiros como os derivativos, são muito superiores à riqueza produzida pela economia real. Declarou que os derivativos no mundo são de mais de US$ 600 trilhões, enquanto o orçamento do Fundo Monetário Internacional (FMI) é de US$ 400 bilhões.

Ele observou que instituições multilaterais como o FMI e o Banco Mundial ficaram à margem do enfrentamento da crise e as decisões estão sendo tomadas pelos bancos centrais dos países, com coordenação entre eles. Pochmann participou da 4ª Jornada de Estudos de Regulação, no Ipea, no Rio.

Do Portal Gestão Sindical