“Não vamos pagar essa conta”, diz presidente dos Metalúrgicos do ABC

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, classificou de "agiotagem" a crise dos Estados Unidos e da Europa. Ele disse que os trabalhadores brasileiros não devem pagar essa conta. Nobre afirmou ainda que o Brasil tem de dar um impulso ao mercado interno para manter a atividade econômica em alta e continuar crescendo. "A melhor saída contra a especulação é a produção", afirma o dirigente dos Metalúrgicos do ABC


Crise é da agiotagem


O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, afirmou que está na hora de impor limites à especulação financeira mundial. Segundo ele, os sintomas da crise internacional não repercutiram na categoria. Ele afirma que o Brasil pode sair fortalecido se apostar no potencial do seu mercado interno.

“É possível reagir às consequências da crise da especulação?
Não podemos é entrar nessa onda de pessimismo. Trata-se de uma crise gerada pela agiotagem. Os bancos transformaram o mundo em um cassino, no qual o lucro fácil e rápido se sobrepõe à economia real. O Brasil pode reagir pelo mercado interno e continuar estimulando o consumo e a produção.

Mas só mercado interno basta?
Foi olhando para o mercado interno que o Brasil conseguiu boa parte dos sucessivos crescimentos do seu PIB. É explorando o potencial desse mercado que poderá superar a turbulência e até se fortalecer. Valorização dos salários, distribuição de renda e criação de empregos geram consumo e mais produção. É essa a roda que pode fazer o país superar qualquer dificuldade. Analistas afirmam que a escassez de crédito no mundo já é um primeiro sintoma… O governo federal afirmou que tem instrumentos para manter o volume de crédito e financiar a produção. Não privatizamos a Caixa e o Banco do Brasil como queria o governo anterior. Esse dois bancos públicos são os principais financiadores da construção civil e da agricultura. Podemos ainda contar com o BNDES e demais agências públicas de financiamento e medidas que injetem mais dinheiro na economia.

Os bancos privados não parecem solidários a essa idéia?
É verdade. Os bancos não querem assumir riscos e já falam em aumentar os juros. Tem banco em fábrica da categoria que ameaça aumentar as taxas do empréstimo consignado, o que é um absurdo. Por isto que o presidente Lula ameaçou os bancos que pegam dinheiro para aplicar em títulos ao invés do crédito para a produção.

Como o movimento sindical pode agir?
Creio que o papel do Sindicato e da CUT nesse momento, amparados na mobilização dos trabalhadores, é o de cutucar as empresas a procurar novas oportunidades, exigir que elas cumpram seus planos de investimento em expansão. A melhor saída contra a especulação é a produção.

Mas o governo deve agir também…
Claro. Temos de cobrar o governo também. Além de agir contra os efeitos da especulação, devemos exigir a manutenção de todos os programas sociais e dos investimentos públicos, como os do PAC. É importante ainda cobrar do Banco Central a redução na taxa básica de juros.


Estimular a produção é o melhor remédio contra a especulação

Há uma “torcida imbecil” para a crise afetar a economia
O presidente Lula afirmou no domingo que existe no País uma “torcida imbecil” para que a crise financeira internacional afete a economia brasileira. Segundo ele, algumas pessoas estariam desejando que a turbulência impacte negativamente os projetos de desenvolvimento do governo.

“Essa é uma torcida imbecil porque se essa crise vier, ela não vai vir para mim, vai vir para o Brasil e para o povo brasileiro”, disse no comício em São Bernardo. Lula ressaltou, porém, que a crise não vai afetar os planos do governo, nem o desenvolvimento nacional.

Sem mudanças –
O presidente afirmou que irá fortalecer o mercado interno para que o Brasil atravesse a turbulência e se prepare para despontar como uma potência depois desse período.
Segundo ele, nem o governo e nem as principais empresas modificaram seus planos de investimento e que nenhuma mudança brusca nos rumos da economia é necessária, pois o Brasil fez sua lição de casa e está preparado para enfrentar um possível cenário desfavorável.

“Quando todo mundo queria que gastássemos, nós guardamos dinheiro. É por isso que temos recursos para garantir o crédito.” Segundo Lula, mesmo com todas as incertezas, a economia continuará registrando números positivos. Ele ressaltou, entretanto, que para alcançar esses resultados é preciso que o mercado interno continue aquecido. Por isso, o presidente fez um apelo à população: “Continuem comprando as coisas que precisam”.

Da Tribuna Metalúrgica