Imprensa brasileira aposta no quanto pior melhor, diz cientista

Emir Sader critica cobertura da mídia nos últimos anos e chama FHC de ´apóstolo do caos´.

O cientista político Emir Sader denunciou que a direta, com auxílio da grande imprensa, quer a todo custo trazer a crise norte-americana para o Brasil e aposta no quanto pior, melhor.

A elite, primeiro, apostou na inflação, ao anunciar que ela iria se descontrolar e arrastar o País para a recessão. Mas não deu certo.

Agora, a elite não se conforma em ver o Brasil passar longe da crise e o presidente Lula com 80% de popularidade. “Lula precisaria fracassar, porque FHC, o queridinho dos grandes empresários e da imprensa privada, fracassou”, analisou Sader.

Sem comparação – O cientista político chamou FHC de apóstolo do caos, que aposta na crise e na recessão. “Ele quebrou o Brasil três vezes, foi três vezes ao FMI e depois elevou os juros para 49% ao ano, colocando a economia em recessão. E foi uma crise provocada e sofrida aqui, e não como conseqüência de uma crise internacional”, comentou.

Ele disse que os governos da América Latina que não rezam na cartilha neoliberal, como Brasil, Bolívia, Venezuela, têm maior capacidade de resistir diante da crise, pois deram preferência ao comércio entre seus países, com desenvolvimento dos mercados internos.

Assim, dependem menos das exportações, conseguem recursos próprios de financiamento e sofrem menos as conseqüências da maior crise mundial desde 1929.

Mercado não faz – Para ele, a crise norte-americana é o fracasso das teorias de que a elite sabe mais, pode mais e faz melhor as coisas.

Sader lembrou que, em nenhum momento a grande imprensa denunciou a “economia de cassino” dos Estados Unidos, e sim, preferiu culpar diretores das empresas financeiras. Para ele, a crise é da filosofia e doutrina da direita e das pregações sobre as virtudes do mercado.

Lula quer transparência – É por isso que Lula, ao falar na ONU no final do mês passado, defendeu a criação de mecanismos de prevenção e controle, e total transparência das atividades financeiras contra o que ele classificou como anarquia especulativa.

Lula disse que a ausência de regras favorece os aventureiros e os oportunistas. “É inadmissível que os lucros dos especuladores sejam privatizados e suas perdas sejam socializadas”, afirmou.

Ao final de seu discurso, Lula ensinou que “a economia é séria demais para ficar nas mãos de especuladores.”

Da Redação