Caminhões: prorrogação do IPI é positiva com linhas do BNDES atuantes

Segundo executivos das fabricantes há a necessidade de alinhar este benefício com a continuidade dos programas de financiamento do BNDES

A prorrogação da isenção de IPI para caminhões, para até o fim de junho, não será, isolada, a solução para manutenção das vendas do setor. Segundo executivos das fabricantes há a necessidade de alinhar este benefício com a continuidade dos programas de financiamento do BNDES. O anúncio não deverá alterar o planejamento de produção das empresas porque, segundo eles, os clientes não cancelarão os pedidos.

Antônio Dadalti, vice-presidente comercial e institucional da Iveco para a América Latina, disse que a soma do desconto no IPI com os juros menores do Finame e Procaminhoneiro foi o que movimentou o mercado nos últimos três meses – de 75% a 80% das vendas foram por meio dos programas do BNDES.

“Só o IPI zero não é suficiente. Para renovar a frota precisamos manter as duas medidas. A primeira parte já foi anunciada e foi positiva, e agora aguardamos a segunda etapa.”

Ele acredita que as medidas de financiamento serão renovadas, embora não tenha nenhuma informação oficial de que continuarão, assim como o diretor de operações da Ford Caminhões, Oswaldo Jardim: “Não há nenhuma sinalização de renovação, mas é um pleito da Ford. O presidente Marcos de Oliveira fez o pedido ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior durante a Fenatran”.

Jardim lembra que os caminhões estavam isentos de IPI no início do ano e mesmo assim os volumes caíram, só reagindo quando o governo anunciou as medidas de financiamento: “Acredito que o IPI é responsável por 30% do impulso nas vendas e o financiamento por 70%”.

Na opinião de Roberto Cortes, presidente da MAN Latin America, “o mais importante é o governo estar atento às movimentações do mercado para que não haja crise como a que ocorreu de outubro do ano passado a junho de 2009”.

O retorno da produção ao nível de 2008, que deverá ser atingido no quarto trimestre deste ano, provocou a contratação de 250 funcionários na fábrica de Resende, RJ. Sem especificar porcentuais Cortes assume que ultrapassaram as 200 unidades/dia e que mantém a meta de aumentar em 10% o volume de vendas anuais até 2014. Para ele os números de 2010 serão mais baixos do que os do ano passado, “porém acima dos de 2007 e 2009”.

A postergação dos incentivos não deve garantir necessariamente aumento dos volumes, segundo Gilson Mansur, diretor de vendas de veículos comerciais da Mercedes-Benz. Isso porque, de acordo com ele, as fabricantes já trabalham em ritmo acelerado para dar conta dos pedidos que foram antecipados aproveitando os incentivos que terminariam em dezembro.

Para Mansur a vantagem desse período é a fidelização do cliente: “Como todas as empresas estão com as carteiras de pedidos cheias o cliente acabava trocando de marca para aproveitar o período de incentivos”.

Os clientes consultados pela equipe da Mercedes-Benz mantiveram seus pedidos até porque as compras estão destinadas a atender a contrato de transporte já acertado e não importa para o cliente se o caminhão foi fabricado no fim de 2009 ou no começo de 2010.

A questão de ano/modelo deve mesmo afetar apenas aqueles clientes que estavam antecipando suas compras, segundo Roberto Leoncini, diretor de vendas de veículos da Scania. Ele acredita que o IPI de 0% será benéfico para o transportador, que desfrutará do benefício até porque tudo apontava para bons resultados no ano que vem na medida em que a economia brasileira retorne ao ritmo de crescimento: “O cliente terá mais prazo para optar pela compra”.

Jardim, da Ford, projeta mercado de 118 mil unidades para 2010, com viés de alta: “Mantidos os programas do BNDES poderemos chegar a 122 mil caminhões no ano que vem”.

Brasil – A participação do Brasil no projeto de transformar os países do Bric em responsáveis por 50% do faturamento do Grupo MAN foi, finalmente, explicitada pelo presidente Roberto Cortes: o País será responsável por, no mínimo, 15% dos negócios do grupo.

“A MAN faturou 14 bilhões de euros no ano passado, dos quais 1 bilhão de euros vieram das demais regiões do Bric. Agora o Brasil e a América Latina representarão ao menos 30% dos negócios nos quatro países emergentes escolhidos pelo grupo.”

Da Autodata