Ato na TRW reforça luta contra demissões arbitrárias e exige a reintegração dos trabalhadores

Metalúrgicos e autoridades participaram da manifestação organizada pelo Sindicato na manhã desta quinta-feira (8) que reuniu mais de 500 pessoas para prestar solidariedade aos demitidos; empresa interrompeu negociações e demitiu até grávidas

Mais de 500 trabalhadores reunidos nesta quinta-feira (8)  na porta da TRW, em Diadema, decidiram intensificar as lutas contra as 210 demissões anunciadas pela empresa no final do ano passado. “Vamos fazer a luta que tiver de ser feita para que a TRW volte atrás nessa decisão arbitraria e truculenta”, afirmou o presidente do Sindicato, Sérgio Nobre ao encaminhar a votação.

Sem qualquer aviso, a TRW interrompeu as negociações que mantinha desde setembro com o sindicato e demitiu os trabalhadores. Para piorar, os companheiros foram comunicados por telegrama no dia 20 de dezembro, mas a empresa não esperou o aviso chegar a todos. Na noite de 19 para 20 do mês passado, as chefias da TRW disseram aos trabalhadores do turno da noite que eles deveriam deixar a fábrica imediatamente.

Como o pessoal não aceitou a proposta porque não havia transporte para levá-los para casa de madrugada, a empresa cortou a energia elétrica do prédio e obrigou os trabalhadores a saírem.

O grupo, que incluía grávidas, viu-se às 3h30 da madrugada, na rua, sem transporte sequer para voltar à sua residência. Eles tiveram que ficar em frente à fábrica até o transporte coletivo começar a funcionar, já na manhã do dia 20.

A militância da categoria e várias autoridades regionais estiveram no ato para prestar solidariedade aos companheiros demitidos. Compareceram o prefeito de Diadema, Mário Reali; o vice-prefeito, Gilson Menezes; o deputado federal Vicentinho; os vereadores de Diadema, Maninho e Zé Antonio, e os vereadores de São Bernardo, Paulo Dias, Toninho da Lanchonete e Tião Mateus.

“Há cinco anos não tínhamos uma greve aqui, mas a nova diretoria não quis negociar”, afirmou Robson Dias Bonjardim, do Comitê Sindical na empresa, na abertura da manifestação. “A empresa agiu como um bandido, pois esperou o Sindicato sair de férias para executar a ação”, completou.

Já o representante do SUR na Ford e secretário da CNM-CUT, Paulo Cayres, disse que a atitude da TRW foi contraditória e fez um alerta:

“A Ford acabou de anunciar a ampliação da produção e essa empresa, que fornece material para lá, resolve demitir. Isso está errado. Se ela não voltar atrás, vai sofrer da pior forma. As montadoras têm um código de ética de não manter relacionamento com empresas que demitem arbitrariamente ou desrespeitam os trabalhadores”.

O prefeito de Diadema foi além. Mário Reali se colocou a disposição para a negociação de qualquer problema com as empresas. “Nós queremos mais empresas, mais investimentos e crescimento na nossa cidade, mas, para isso, vamos buscar divisão de riquezas e condição melhores para todos.”

Brasília também vai tomar reconhecimento dos problemas, garantiu Vicentinho. “Os trabalhadores podem ter certeza que não estão sozinhos e que vão contar com o apoio de todos. A empresa está fazendo muito coisa errada e todas elas serão denunciadas por mim na Câmara Federal”, prometeu.

Sérgio Nobre quer imposto sobre grandes fortunas
O presidente do Sindicato, Sérgio Nobre, lembrou que nunca as empresas ganharam tanto dinheiro como nos últimos anos e, por isso, também devem contribuir nos momentos de dificuldades.

“Eles faturaram uma fábula e agora não querem gastar nada com a crise. Por isso tínhamos que discutir algo como o que os sindicalistas estão reivindicando em países da Europa, que é a cobrança de um imposto de 2% sobre as grandes fortunas em momentos como esses”, defendeu o dirigente.