Fábricas continuam parando, e vai esquentar mais

A assembléia de amanhã será a prova de fogo da campanha salarial. Ela vai fechar uma semana de paralisações e protestos como os ocorridos ontem. Até o fechamento desta edição, as negociações prosseguiam com as montadoras e com os grupos 2 e 8. No grupo 3, ainda não tem proposta.

Nas mobilizações de ontem os metalúrgicos decidiram que, sem um bom acordo, é greve na segunda-feira.

Na Volks, protestos dão o recado

Companheiros em diversas
empresas da base
realizaram protestos, ontem,
contra o descaso das
montadoras e do grupo 3
(autopeças, forjarias e parafusos)
nas negociações da
campanha salarial.

Além de demonstrar a
insatisfação com os índices
apresentados, os trabalhadores
deram o recado de
que estão organizados e
mobilizados em busca de
uma proposta decente.

Os trabalhadores na
Volks paralisaram as atividades
no início do dia e
decidiram que a entrada de
todos os turno seria atrasada
em uma hora.

Luta – “Se no início da nossa
campanha salarial a categoria
acreditava que seria
fácil chegar a um acordo, as
últimas rodadas de negociação
mostraram que só com
muita mobilização e luta
chegaremos a um bom resultado”,
declarou Wagner
Santana, o Wagnão, secretário-geral do Sindicato.

Ele ainda completa.
“Por isso, temos de lotar
a assembléia na frente do
sindicato, no sábado, para
mostrar que estamos unidos
e organizados.”

O presidente do Sindicato,
Sérgio Nobre, foi
além. “As montadores nunca
ganharam tanto dinheiro
e agora não querem dividir
conosco, os principais responsáveis
pelos resultados.
Essa conversa de que os
reajustes elevariam a inflação,
é comprovadamente
papo furado”.

Sérgio ainda comentou
a importância da criação do
programa de formação, uma
das principais reivindicações
da campanha.

“Numa visita ao Senai,
fiquei impressionado com
a inteligência e capacidade
dos garotos, mas eles não
sabiam responder perguntas
simples sobre seus direitos
trabalhistas ou calcular o
próprio holerite. Por isso,
a importância de ter um
dia para explicarmos todas
essas coisas que são fundamentais
para a vida de um
trabalhador.”

Ford: disposição de greve

O pessoal na Ford também
cruzou os braços ontem
de manhã e definiu,
por unanimidade, que se a
proposta patronal não for
aprovada na assembléia geral
que acontece amanhã,
entram em greve a partir de
segunda-feira.

O diretor do Sindicato,
Teonílio Monteiro, o Barba,
explica que os trabalhadores
também aprovaram a
suspensão da produção de
caminhões no sábado, para
que os companheiros participem
da assembléia.

Para o diretor do sindicato
Paulo Cayres, os trabalhadores
sabem que este é o
momento de lutar de forma
unida e organizada para
avançar nas conquistas.

“O País nunca viveu
um momento como este
no setor automotivo. Agora,
mais do que nunca, é a
hora de reivindicar avanços
para os trabalhadores.
E o aviso já foi dado:
se os companheiros não
aprovarem as propostas,
na segunda-feira a greve
começa e a fábrica vai ficar
completamente parada”,
completou.

Ato pega grupo de fábricas em Diadema

Em Diadema, uma assembléia
no início da manhã
reuniu os companheiros de
três fábricas.

O pessoal na Autometal
e no Grupo Dana saiu
em passeata e encontrou
os trabalhadores na TRW,
onde fizeram um ato conjunto.

David Carvalho, coordenador
de base em Diadema,
reforçou a importância
da mobilização dos companheiros.

“Agora, mais do que
nunca, temos de mostrar
nossa organização e disposição
para luta. É hora de
provarmos que merecemos
um reajuste salarial justo.”

Os trabalhadores na
Faparmas também realizaram
paralisação de duas
horas antes da entrada.

José Mourão, diretor
do Sindicato, garante que
os companheiros estão firmes.
“Está claro que todos
estão dispostos a lutar
por melhores propostas.
A companheirada garantiu
também presença maciça na
assembléia de sábado.”

Metalúrgicos fazem acordo com Volvo

Os cerca de 2,6 mil
metalúrgicos da Volvo,
em Curitiba aceitaram,
ontem, a nova proposta
da empresa.

Ela prevê reajuste de
10% e o pagamento de um
abono no valor de R$ 1,5
mil no próximo dia 12.

Segundo o Sindicato
dos Metalúrgicos da
Grande Curutiba, o acordo
representa 2,5% de
aumento real e 7,6% para
cobrir a inflação.