Nas campanhas salariais, outro ponto para Lula
O governo Lula tem outro ponto a mais na comparação com FHC. Esse ponto é em relação às campanhas salariais. "Sem dúvida, as duas últimas campanhas, as primeiras no governo Lula, foram as melhores dos últimos anos", lembrou o presidente do Sindicato José Lopez Feijóo.
Ontem, publicamos estudo que compara 100 indicadores de desempenho entre o governo Lula e o de FHC. Lula é melhor em 64 deles.
As campanhas salariais das categorias de sindicatos filiados à CUT no segundo semestre do ano passado, por exemplo, tiveram os melhores resultados desde o início do Plano Real.
Segundo levantamento do Centro de Estudos Econômicos da Unicamp (Cesit), 96% dos acordos coletivos assinados no segundo semestre de 2004 conseguiram aumento real.
Este mesmo desempenho foi verificado no primeiro semestre deste ano, quando 80% dos acordos tiveram aumento real, segundo o Dieese.
Para José Dari Krein, pesquisador do Cesit, esse resultado positivo está relacionado ao crescimento do PIB e do nível de emprego. Outro aspecto, segundo ele, foi a retomada de mobilizações e greves, que beneficiaram o conjunto das negociações ao colocarem na agenda nacional a necessidade de recompor o poder de compra dos trabalhadores.
A história das campanhas salariais dos metalúrgicos desde o início do real comprovam que o governo Lula faz bem aos trabalhadores. Acompanhe:
1995
Reajuste de 19% parcelados em até três vezes. Salário mínimo de R$ 70,00 congelado. Governo FHC colocou o Exército nas refinarias para reprimir petroleiros em luta salarial, um das primeiras greves em seu governo.
1996
Entre janeiro e fevereiro, os metalúrgicos do ABC perdiam 4,5 empregos por hora. Em maio, o salário mínimo foi a R$ 100,00, enquanto a cesta básica custava R$ 112,00. Categoria fez greve inteligente, conquistando acordos por fábricas e blocos de empresas. Os reajustes foram parcelados e complementados com abono.
1997
Acordos coletivos com todos os grupos com 5% de reajuste em média, porém todos parcelados. Volks queria demitir 10 mil trabalhadores.
1998
Aprovada reforma da Previdência e aposentadorias ficam mais difíceis, especialmente as especiais. FHC faz acordo com FMI e juros foram a 40%. A recessão pegou o País. Todas as montadoras entraram em coletivas e não houve acordo salarial. Ford anunciou 2.800 demissões. Acordo salarial apenas com o Grupo 5, com 2,5% de reajuste.
1999
A mão-de-obra informal (sem carteira assinada) chegou a 25% do total. No final do governo FHC foi a 47% de todos os trabalhadores brasileiros. Em junho tem acordo com montadoras retroativo a novembro de 98, ano que houve acordo. Na data-base, em novembro, acordos em separados por fábrica. A maioria parcelados e com abonos.
2000
O governo FHC rejeita negociar proposta de renovação da frota feita pelo Sindicato. Na data-base rompe a primeira greve geral na categoria desde o início do real. Metalúrgicos romperam ciclo de arrocho e conquistam 10% em todos os grupos, índice que trouxe 1,5% de aumento real.
2001
FHC apresentou projeto que muda artigo 618 da CLT, numa tentativa de derrubar direitos básicos dos trabalhadores. Crise do apagão. Rompeu a greve pipoca. Acordo de reposição salarial em todos os grupos, menos no Grupo 5 que pediu dissídio.
2002
Apesar do terrorismo econômico pela vitória de Lula, acordo de reposição salarial em todos os grupos e greve e acordos em separado nas fábricas do Grupo 10.
2003
Abono emergencial no meio do ano que não é descontado na data-base. Greve nas montadoras e acordos nos demais grupos, com os pisos reajustados entre 17% e 29%. Acordos nas montadoras garantem reposição e 2% de real.
2004
Melhor campanha salarial em 12 anos, com 4% de aumento real em todos os grupos.