Prejuízo aos moradores, aos metalúrgicos e ao ABC

A ação do Ministério Público abre um precedente gravíssimo para o ABC e coloca mais de 20 mil empregos diretos em risco. Isso porque, se a área perder sua característica de industrial toda a atividade ao seu redor estará comprometida. Além da Ford, ali estão a Metal Leve, a Mercedes-Benz, dois grandes depósitos, várias pequenas empresas e todo o comércio ao redor delas.

O terceiro turno na estamparia do prédio 4 da Ford já foi desativado e 42 companheiros foram remanejados para outras áreas. A ação pode vir a paralisar o turno da noite de toda a estamparia, ameaçando outros 330 empregos.

O problema da construção surgiu exatamente no momento em que o Sindicato estava prestes a concluir as negociações para novos investimentos e para a produção de novos modelos na fábrica.

“É absurdo. Enquanto outras cidades criam incentivos para atrair indústrias, a Prefeitura de São Bernardo age para impedir o desenvolvimento das fábricas”, protestou o presidente do Sindicato, José Lopez Feijóo.

Além disso, ele critica duramente a Prefeitura e as construtoras. Estas porque agiram de má-fé ao lançar o empreendimento num local não permitido e ao não cumprir o acordo para a instalação de sistemas de proteção. A Prefeitura, por não se preocupar com a atividade industrial e, especialmente com os moradores, ao não fiscalizar a construção e exigir a instalação dos sistemas de proteção. “Estão fazendo milhares de vítimas. Primeiro, enganaram os compradores dos apartamentos vendendo gato por lebre. Agora, são os trabalhadores os novos ameaçados. Sem contar o prejuízo a todo o ABC, aos fornecedores da montadora e aos empregos indiretos”, prosseguiu.

Segundo Feijóo, o Sindicato vai comprar a briga em defesa dos trabalhadores e moradores. “Alguém deve assumir a responsabilidade e o problema ser resolvido. Não podemos ver passivamente o sofrimento daqueles que investiram anos de trabalho num local para morar nem permitir que milhares de trabalhadores percam seus empregos e empresas deixem de investir ou até mesmo abandonar a região”, finalizou Feijóo.