É preciso dizer não ao desemprego e apresentar propostas

O movimento dos metalúrgicos na Ford marca uma mudança na luta dos trabalhadores do País. Ninguém deve mais aceitar a lógica do patrão, de demitir para superar a crise econômica. Esse raciocínio leva o Brasil para o buraco, e toda a sociedade paga um alto preço: mais desemprego acarreta menos poder de compra, que faz cair as vendas, com menos produção e mais demissão. É um círculo vicioso.

Esperamos que a partir de agora tudo isso mude, com os trabalhadores dizendo não às demissões e apresentando alternativas.

Há tempos nosso Sindicato busca novas saídas para a superação de crises. O banco de horas e a jornada flexível é uma proposta que continua evitando demissões. O criativo acordo com a Volks abriu imensas alternativas ao desemprego. E a Câmara Setorial em 1992/93 reativou a indústria automobilística, com reflexos em toda a economia brasileira. E mais, a luta contra o trabalho infantil, o movimento de alfabetização – MOVA, entre muitos outros gestos de nossa categoria, mostram que acreditamos nas possibilidades de transformar o Brasil num País justo e que ofereça melhor qualidade de vida a todos nós.

Neste momento estão com o governo federal duas idéias nossas para a retomada da produção: o Plano Nacional de Renovação da Frota e o Plano Emergencial. Acreditamos que, implementadas, elas têm capacidade de aumentar a produção nacional de carros e caminhões em mais 50%, abrindo novos postos de trabalho e repercutindo favoravelmente em toda a economia.

Essas propostas colocam o Brasil no caminho do desenvolvimento, reerguem empresas, injetam dinheiro na economia e impedem demissões.

Mas, se o Sindicato tem essa capacidade de intervenção é porque tem ao seu lado uma categoria criativa, ousada e que não se rende. Que digam isso os trabalhadores na Ford.

Luiz Marinho
Presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC
e Coordenador do Mova Regional