Metalúrgicos do ABC são modelo de sindicalismo para todo o Brasil, diz ministro do Trabalho

Carlos Lupi passou o dia na Região, nesta segunda-feira (11), onde visitou o sindicato e os comitês de fábrica da Mercedes-Benz e da IGP

O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, afirmou nesta segunda-feira (11), durante visita ao Sindicato, em São Bernardo do Campo, que “o sindicalismo no ABC é um modelo, uma referência para todo o Brasil, que tem dado certo”. E foi para ver de perto este modelo de organização sindical no local de trabalho e negociação permanente que o ministro passou o dia na Região (das 11h às 17h30), onde esteve nos CSEs (Comitês Sindicais de Empresa) da IGP (autopeças), em Diadema, e da Mercedes-Benz, em São Bernardo.

As primeiras comissões de fábricas do ABC (Ford e Volkswagen) completam este ano três décadas. Hoje, 96 fábricas da base dos Metalúrgicos do ABC – responsáveis por 84% dos empregos da base, têm comitês sindicais.

“A construção dessas representações possibilitou o que chamamos de negociação permanente. Todo dia se negocia e se dialoga no local de trabalho”, disse o presidente do Sindicado dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre. Para ele, dar visibilidade ao modelo de sucesso dos CSEs na Região e difundi-lo para o restante do Brasil contribui para o fortalecimento do movimento sindical e estimula a negociação coletiva no País

Segundo Sérgio Nobre, a visita do ministro Lupi aos comitês de duas fábricas de realidades diferentes (a IGP tem 370 funcionários e Mercedes-Benz, 12 mil) ajuda a mostrar a importância dos comitês para a proteção do emprego e dos direitos dos trabalhadores.

“É importante que representantes de todos os setores da sociedade conheçam este modelo de organização sindical e negociação permanente que construímos no ABC. Por isso, a visita do ministro foi extremamente positiva. Fizemos um bom debate sobre o nosso modelo de negociação coletiva, e esse modelo só foi possível pela presença do sindicato nos locais de trabalho, que garantiu representatividade real aos trabalhadores”, avaliou Sérgio Nobre.

Segundo o sindicalista, por conta da legislação brasileira, o espaço para negociação é muito pequeno. “É possível negociar, mas desde que o acordo esteja enquadrado na CLT, que é uma lei dos anos 1930, quando nem havia indústrias na Região. Uma lei que engessa a criatividade e as negociações”, disse Nobre.

Ao apresentar seus Comitês de empresa aos políticos, empresários e outros setores, o Sindicato pretende construir alternativas a esse engessamento para valorizar as negociações coletivas

ALMOÇO

O ministro Lupi e Sérgio Nobre foram acompanhados por dirigentes sindicais de outras cidades de São Paulo que também têm CSE e executivos de empresas da Região nas visitas às linhas de produção e comitês da IGP e da Mercedes-Benz.

Na montadora, Lupi conheceu um exemplo de acordo coletivo que esbarrou na legislação trabalhista: historicamente, os trabalhadores da Mercedes têm direito a 45 minutos de almoço e sua rotina de trabalho regulada por este tempo. Nos anos 1990, uma lei impôs que este tempo deveria passar à uma hora, mas nem trabalhadores nem empresa têm interesse na mudança. Um acordo entre as duas partes, aprovado pela maioria dos empregados, manteve os 45 minutos, mas este ameaçado pela legislação.

“Isso instalou uma crise na empresa porque é ruim para os dois lados, é uma lei que pode fazer sentido em outras regiões, mas não atende a realidade na Mercedes. Esse tipo de problema tem sido constante”, explicou Sergio Nobre. A legitimação da negociação permanente e a organização nos locais de trabalho são um caminho para solucionar problemas como este.

Da Assimp