Metalúrgicos do ABC realizam assembleia da campanha salarial nesta sexta-feira

Todos estão convocados para, juntos, definir a pauta de reivindicações da categoria que será entregue aos grupos patronais da Fiesp

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC realiza nesta sexta-feira (17), a partir das 18h, na Sede do Sindicato, a assembleia para definir as pautas de reivindicações da categoria que será entregue aos grupos patronais da Fiesp.

Para o presidente do Sindicato, Sérgio Nobre, fazer uma assembleia representativa é começar bem uma campanha que será marcada por fortes contrastes e muita dificuldade. “Se em épocas de crescimento econômico as campanhas não são fáceis, imagine agora, quando muitos setores da base ainda sentem os efeitos da crise econômica mundial, enquanto outros superaram a crise e crescem”, afirma.

Esse contraste pode ser visto no setor automotivo. A produção de automóveis segue batendo recordes, mas a de caminhões prossegue em patamares muito baixos. A Volks e a GM, por exemplo, contratam, enquanto a Mercedes-Benz e a Scania mantém PDVs abertos.

“Esse contraste é encontrado também na cadeia produtiva”, acrescenta Sérgio Nobre. “As autopeças que fornecem para fábricas de caminhões estão em ritmo lento. Já as fornecedoras para automóveis acompanham o ritmo acelerado de Volks e GM”, compara.

Máquinas
Outra parcela importante da categoria que sofre com a baixa produção devido à crise é a que trabalha na indústria de máquinas. “As fábricas estão atendendo encomendas feitas em períodos anteriores à crise. Depois dela, o setor de bens de capital deixou de receber encomendas porque as empresas reviram seus investimentos”, descreve o presidente do Sindicato.

Equilíbrio
Para transcorrer sem sobressaltos, a campanha salarial deve encontrar um ponto de equilíbrio entre estes dois cenários. Daí o apelo do Sindicato para que a categoria compareça em peso na Sede nesta sexta-feira. Esta assembleia tem de ser a primeira grande demonstração de mobilização.

Plenarias
Nas quatro plenárias da categoria já realizadas no Estado de São Paulo foram apresentadas reivindicações como redução da jornada, garantia de emprego e estimulo do primeiro emprego, que ganham destaque por promoverem a abertura de postos de trabalho.

Outras propostas abrangem as comissões de mulheres, deficientes, jovens e negros. “Existem também propostas inovadoras, como a criação do fundo de formação com o objetivo de qualificar os companheiros”, disse José Paulo Nogueira, diretor de Organização do Sindicato.

Ele lembrou que, com o fundo, será possível atualizar as habilidades dos trabalhadores, melhorar a qualidade de vida no trabalho e encaminhar questões ligadas à sustentabilidade ambiental.

Dificuldade
Zé Paulo afirmou que as plenárias foram muito ricas. “Existem propostas para proibir a vigilância eletrônica interna e acabar com o interdito proibitório que os patrões usam para prejudicar nossas manifestações. Outra proposta interessante é a adoção, por parte das empresas, de um código de conduta”, comentou.

O dirigente aproveitou para alertar a categoria sobre a dificuldade das negociações. “Vamos ter problemas nas cláusulas econômicas, pois empresas de um grupo estão bombando, enquanto empresas de outros grupos estão com baixa produção. E, historicamente, os patrões fazem cara feia para não atender as cláusulas sociais”, comentou Zé Paulo.

Participação
Por tudo isso, ele destacou a importância da participação dos metalúrgicos do ABC na assembleia. “Precisamos fazer um bom debate sobre nossas reivindicações e, depois, permanecermos mobilizados nas empresas, pois esse clima ajuda na mesa de negociação”, afirmou o diretor de Organização do Sindicato.

Todo Estado em Campanha
Com a realização, entre esta sexta-feira (16) e domingo (18), de nove assembleias para discutir a pauta de reivindicações, sobe para 12 o número de sindicatos envolvidos na campanha salarial, somando 220 mil metalúrgicos em todo o Estado.

A expectativa é das melhores. “Além das plenárias, realizamos um seminário estadual e estamos preparados para as negociações, mas sabemos que elas serão difíceis”, alertou Valmir Marques, o Biro Biro, presidente da Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM) da CUT.

Ele disse que existe um clima de entusiasmo entre os dirigentes. “Agora, estamos cobrando deles o envolvimento dos trabalhadores. As assembleias também vão servir para levar a campanha para as fábricas, pois a experiência nos ensinou que temos de mostrar nosso poder de organização para conseguirmos bons acordos”, comentou o dirigente.

Mobilização
Biro Biro destacou que neste ano a pauta terá um conjunto de cláusulas sociais novas. “Por um lado é bom, para a campanha não ficar focada apenas na questão econômica. Mas as novidades sempre exigem um poder maior de convencimento e de mobilização dos trabalhadores nas fábricas”, afirmou.

O presidente da FEM-CUT pediu que, a partir das assembleias, os metalúrgicos se envolvam na campanha e acompanhem de perto as negociações. “O clima criado na empresa reflete nas negociações com os patrões”, concluiu Biro Biro.

Pesquisa indica prioridades
A pauta de reivindicações dos metalúrgicos do ABC para a campanha salarial de 2009 será discutida em assembleia. Mas, uma visita à pesquisa realizada no site do Sindicato antecipa quais são alguns dos pontos que a categoria considera prioritários neste ano.

O primeiro resultado que chama a atenção é a disposição para a luta. Na opinião de 489 dos 593 companheiros que responderam ao questionário, esta disposição existe. Apenas 78 pensam o contrário.

Na definição da principal alternativa econômica, três questões se destacaram. Para 336 trabalhadores, a principal reivindicação deve ser aumento real; 144 destacaram o aumento nos pisos e 85 os planos de cargos e salários. Quando a questão trata das reivindicações sociais, 240 companheiros destacaram a estabilidade no emprego; 123 o reconhecimento e instalação de representações sindicais em todas as fábricas; 106 a redução da jornada sem redução salarial; 41 o auxílio/bolsa estudo; e 31 a licença maternidade de seis meses.

Condições de trabalho
Foram 373 metalúrgicos que votaram nessa opção como prioridade para a campanha, outros 152 defenderam o fim do assédio moral. São questões que serão apresentadas nos novos pontos das cláusulas sociais. A pesquisa termina amanhã. Participe acessando www.smabc.org.br e vá a assembleia.

Da Redação