O Sindicato é importante na luta pelos direitos do trabalhador

Linguagem de Libras é incorporada na comunicação do Sindicato com os trabalhadores.

Ela é a voz da assembléia

Uma antiga reivindicação
dos metalúrgicos com
deficiência começa a ser atendida
por empresas, com ótimos
resultados para os companheiros.
Trata-se da presença
de especialistas em Libras
(Língua Brasileira de Sinais)
para traduzir por gestos
o que é falado nas assembléias.
O resultado agrada
também às fábricas. Tanto
que várias delas estão contratando
o serviço desses profissionais.

Deise Silva Casagrande
interpreta as assembléias na
Toledo, em São Bernardo.
Auxiliar de RH, ela passou a
exercer a função por acaso,
quando a empresa cumpriu a
Lei de Cotas e contratou pessoas
com deficiência. “Perguntaram
se alguém gostaria
de fazer o curso de Libras
para auxiliar a comunicação
com os novos colegas. Eu topei”,
lembra. “Eles sempre
me procuram quando têm algum problema”, revela Deise.

Fim do isolamento – O curso de intérprete
foi feito por outras pessoas
na Toledo e os resultados
agradam. “O desempenho
das pessoas com deficiência
também melhorou pois não
dependem mais de imitações
ou instruções no papel para
desenvolver o serviço”, completa
Deise.

Carlos Alberto Gonçalves,
o Krica, diretor do Sindicato,
concorda com ela.
“O trabalho do intérprete
mostra a inclusão de fato. Em
várias assembléias vemos
pessoas com deficiência
acompanhando ansiosos
nossos informes, sem saber
direito o que ocorre. A presença
de um tradutor para
Libras acaba com esse isolamento.
É uma questão de cidadania”,
diz Krica.

Pedagoga presta
serviço no setor

A pedagoga Adriane
Macarini Ferreira também
faz tradução para Libras
em fábricas de São Bernardo.
Professora para pessoas com
surdez na rede pública, ela é
autora do projeto de intérprete
de Libras que
acontece na prefeitura
da cidade.

Há alguns anos,
alunos seus foram
contratados pela
Rolls-Royce, em
São Bernardo. Quando
houve um problema
de comunicação entre
eles e a empresa, Adriane foi
chamada e resolveu a situação
tão bem que foi incentivada
a abrir uma empresa
para prestar o mesmo auxílio
a outras fábricas, como a
própria Rolls-Royce, a Cyclop,
a Termomecânica, a Marba e outras. “Quando
surge algum problema com
a empresa, esses trabalhadores
entram em contato comigo
através de uma mensagem
de texto no celular ou pela
internete. As empresas também
me procuram
quando precisam falar
com eles”, revela
a pedagoga.

Respeito – Adriane entende
que traduzir para
aos trabalhadores o
que acontece na empresa é
uma questão de respeito ao
ser humano.

“No horário eleitoral,
ensinava-se a votar mas a proposta
dos candidatos não era
apresentada aos eleitores surdos.
Eles votavam sem saber
direito no quê. No trabalho
essa situação está mudando.
E várias empresas também
estão tomando consciência
desse problema e adotando
medidas para resolver a situação”,
conclui Adriane.