Dilma anuncia R$ 200 milhões para catadores de recicláveis e inclusão no Pronatec
Dilma entregou os diplomas dos primeiros formandos no Pronatec para a população em situação de rua
Prefeito Fernando Haddad também anunciou um convênio com o BNDES para o investimento de R$ 40 milhões na reestruturação das centrais de triagem manual de materiais recicláveis de São Paulo
A presidenta Dilma Rousseff anunciou nesta quarta-feira(3) a terceira edição do Programa Cataforte, que oferece apoio para cooperativas de catadores de materiais recicláveis se estruturarem e atuarem em rede. Estão previstos investimentos de R$ 200 milhões em empreendimentos que possibilitem a inserção de cooperativas no mercado da reciclagem em todo o país. “Cada vez mais olhamos para os catadores como uma pequena empresa. Essas hoje respondem por 80% dos empregos no Brasil. Nós temos de dar a mesma importância econômica para os catadores”, ressaltou Dilma.
Os anúncios foram feitos para cerca de 2 mil pessoas durante a Celebração de Natal com os Catadores, encerramento da 5ª Expocatadores, realizada no Pavilhão de Exposições do Anhembi, na zona norte da capital paulista, com trabalhadores do setor de 17 países latino-americanos. Na feira, os profissionais discutem políticas públicas, apresentam e conhecem modelos de coleta seletiva, fazem negócios e projetam ações para o ano seguinte.
Segundo Dilma, o fortalecimento das cooperativas é fundamental para garantir eficiência no trato dos resíduos sólidos, combatendo a ideia de manter lixões e incineradores de lixo em funcionamento, ao mesmo tempo em que cria renda e movimenta o mercado interno brasileiro. “É aí que a gente ganha dos incineradores. Mostrando que há uma forma muito mais econômica de processar os resíduos e que vocês terão aumento de renda. O que é bom para o Brasil e para todas as classes sociais”, disse.
Em 2014, o Cataforte investiu R$ 100 milhões. Nesta terceira etapa, o governo federal pretende alcançar 250 empreendimentos solidários e cerca de 10 mil catadores, chegando a 35 redes formadas.
Dilma também anunciou a ampliação do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego (Pronatec) para a população em situação de rua, com a incorporação dos catadores de materias recicláveis ao atendimento pelo programa. Ao todo serão criadas duas mil novas vagas, com formação voltada aos profissionais da reciclagem.
No evento, a presidenta entregou os diplomas de 11 estudantes do Pronatec para a população em situação de rua, em nome dos mil formandos que participaram de cursos neste ano. “Nossa concepção é que todos os brasileiros têm direitos e oportunidades iguais. É por isso que nós lutamos. Para garantir a todos condições de vida dignas”, exaltou Dilma.
A presidenta ainda retomou a afirmação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na abertura da Expocatadores, na segunda-feira (1º), de que os governantes devem sempre ser pressionados pelos movimentos. “A gente só faz mesmo se for cobrado. O mundo é assim”, afirmou Lula.
“Estou sempre buscando cumprir as metas que nós acordamos aqui. E aquelas que eu não cumprir vocês têm de cobrar”, comentou Dilma, ao apresentar o número de equipes dos Consultórios de Rua atuando atualmente: 123, três a mais do que havia sido acordado em 2013.
A superação da meta foi apresentada pouco depois da assinatura de convênios para atendimento médico da população em situação de rua com o governo da Bahia e a prefeitura de Rio Branco. Os Consultórios na Rua contam com enfermeiro, psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, médico, agente social, técnico ou auxiliar de enfermagem e técnico em saúde bucal.
Também presente no evento, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), anunciou um convênio com o BNDES, para o investimento de R$ 40 milhões na reestruturação das centrais de triagem manual de materiais recicláveis e para a capacitação dos catadores.
Os catadores reconhecem os avanços dos últimos 12 anos na condição de trabalho e no respeito aos trabalhadores. Mas apontam que ainda há melhorias necessárias, algumas delas urgentes, como facilitar o acesso aos recursos do Cataforte. “Em São Paulo ainda temos 20 mil catadores não cooperados, que precisam de apoio e organização. Muitos não conseguem acessar as oportunidades do programa, porque o processo é muito burocrático”, explicou o coordenador do Movimento Nacional dos Catadores de Recicláveis, Roberto Laureano da Rocha.
Rocha pediu à presidenta que crie uma equipe para apoiar os catadores e acompanhar a aplicação dos recursos. “Queremos que os catadores sigam sendo protagonistas no processo. Para isso, eles devem ser incluídos na gestão de resíduos em todas as cidades, para fazer o que sempre fizeram com apoio e remuneração”, reivindicou.
Da Rede Brasil Atual