Violência policial na Marcha da Maconha em São Paulo será alvo de novo protesto

Mesmo após evento transformar-se em manifestação pela liberdade de expressão, PM reprimiu o ato


Polícia militar paulista voltou a reprimir manifestação de cidadãos com violência.
Foto: ©Zanone Fraissat/Folhapress

Os organizadores da Marcha da Maconha e outros movimentos sociais planejam  nova manifestação no próximo sábado (28), desta vez em repúdio a violência da Polícia Militar (PM) ocorrida no sábado passado (21). Organizadores do evento convocaram convocaram uma reuniã para esta quarta-feira (25),  a partir das 19h, no vão do Museu de Arte de São Paulo (Masp), para decidir mais detalhes.

“O ato de sábado está confirmado, será uma grande festa a favor da liberdade de expressão. Pretendemos unir muitas frentes de São Paulo que têm combatido essa violência desproporcional da PM”, diz  Marco Magri, integrante do Coletivo Marcha da Maconha de São Paulo.

O Tribunal de Justiça acatou pedido do Ministério Público na noite de sexta-feira (20) e proibiu a realização do ato em favor da descriminalização da maconha. Magri conta que na própria sexta houve uma reunião com o capitão Del Vecchio e o major Félix, do 7º Batalhão da Polícia Militar, sobre a manifestação. Foram definidos parâmetros para o ato, como tratar de liberdade de expressão – novo tema do protesto – e não usar a palavra “maconha” nem qualquer alusão à droga. No sábado, segundo ele, uma nova conversa entre a PM e os organizadores reafirmou o acordo anterior.

Enquanto mais de mil pessoas marchavam pela avenida Paulista, a tropa de choque se posicionou atrás dos manifestantes e iniciou uma ação de dispersão. Várias bombas de gás atingiram carros e assustaram pessoas que passeavam pela região, incluindo as ruas Augusta e da Consolação. Jornalistas e manifestantes foram agredidos por policiais militares e guardas civis metropolitanos. Pelos menos oito manifestantes foram detidos e três obrigados a assinar um termo circunstanciado, acusados de desobediência civil, para serem liberados.

Segundo nota da PM, distribuída nesta segunda (23), o protesto insistiu em fazer “apologia ao uso de drogas”, desrespeitando a decisão judicial e o acordo. Por isso, segundo a nota, a marcha foi impedida. A versão da polícia sustenta ainda que um grupo de 20 pessoas “de organizações conservadoras” e contrárias à liberação da droga esteve no local, provocando “um princípio de tumulto”.

A respeito das acusações de abuso, a nota informa que a PM já instaurou sindicância para apurar excesso “que pode ter ocorrido durante a manifestação”. Um policial ficou ferido sem gravidade. A polícia confirma ainda que três manifestantes foram conduzidos ao 78º Distrito Policial (Jardins) e posteriormente liberados.

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou nesta segunda que houve erro por parte dos manifestantes ao fechar as vias públicas, mas que isso não justifica a atuação da polícia. Por isso, a ação da PM terá de ser investigada. Segundo o governador,  a “polícia tem competência e experiência para defender o direito de ir e vir das das pessoas sem cometer violência”.

Marchas pelo Brasil
Outras manifestações aconteceram no domingo (22). Em Curitiba, a Justiça também proibiu a marcha. Porém, diferente de São Paulo, os manifestantes conseguiram realizar um ato pacífico em favor da liberdade de expressão. Em Porto Alegre, os manifestantes puderam realizar o ato sem problemas com a PM. Na cidade de Recife, 1,5 mil pessoas marcharam em favor descriminalização da maconha, bem como do consumo e plantio.

Policiais agrediram repórteres e manifestantes. Veja o vídeo: http://youtu.be/fCfxshW2OME

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Mais uma vez a Polícia Militar de São Paulo usa bombas de gás lacrimogênio e violência contra uma manifestação de populares na capital.

Desta vez foi para dispersar a chamada Marcha da Maconha – nome dado a um protesto organizado para chamar a atenção para a necessidade de um debate amplo sobre a política de criminalização das drogas no país.

A manifestação acontecia na tarde deste sábado (21) na avenida Paulista, na região central de São Paulo. Por volta de 15h, cerca de 800 pessoas (segundo os organizadores da passeata) saíram do vão do Masp  e seguiram em passeata – previamente organizada e combinada com a CET e a própria PM, segundo os promotores do ato – em direção à praça Roosevelt.

Segundo testemunhas, desde o início da caminhada a PM mostrou que estava disposta a intimidar os manifestantes. “Eles (os policiais) estao atrás da gente batendo os cacetetes no escudos. Estupidez”, postou uma participante no Twitter.

Outros posts deixavam claro que a tensão crescia. Dois outros rapazes foram presos. Segundo relatos, um deles distribuía panfletos e outro portava uma lata de tinta spray usada por grafiteiros.

Outras quatro pessoas também foram detidas e todas foram levadas ao 4º DP.

Outros fins
A chamada Marcha da Maconha havia sido proibida pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) na noite da sexta (20). Na visão do desembargador Teodomiro Mendez, da 2ª Câmara de Direito Criminal do TJ, o movimento é considerado “crime de indução ou instigação ao uso de drogas”, segundo o despacho que proferiu.

Comunicados da proibição, os organizadores do movimento decidiram mudar o tema do protesto, que passou a ser em prol da liberdade de expressão e pela discussão ampla da sociedade sobre a criminalização das drogas no país.

O itinerário da passeata que se seguiria à concentração no vão livre do Masp foi definido ainda na tarde de sexta-feira, em reunião com o comando da Polícia Militar. 

Da Rede Brasil Atual, com Folha Online