Restrição ao crédito ainda emperra retomada da produção

Wagner Santana, o Wagnão, secretário-geral do Sindicato

A redução do crédito bancário para o financiamento de veículos é uma das principais responsáveis pelas dificuldades encontradas pela indústria automotiva e a cadeia do setor para retomar a produção.

Levantamento realizado pelos próprios executivos da área mostra que a cada dez pedidos de financiamento apenas dois são aprovados, o que significa que 80% dos pedidos estão sendo recusados pelo sistema bancário.

 “Não há nenhum motivo econômico real para esta atitude, além de um conservadorismo exagerado dos bancos”, avaliou o secretário-geral do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão.

Segundo ele, o que vem acontecendo sistematicamente é uma transferência dos financiamentos de veículos para outros tipos de empréstimos com baixíssimo risco.

“Se verificarmos os lucros obtidos pelos seis maiores bancos, vamos chegar à conclusão que o sistema financeiro tem contribuído muito pouco para o crescimento econômico do Brasil”, destacou.

No País, o saldo destinado às operações de crédito foi equivalente, no ano passado, a um pouco mais da metade do valor do Produto Interno Bruto, o PIB brasileiro.

 “Nos Estados Unidos, por exemplo, o crédito bancário disponível representou o dobro do PIB norte-americano”, disse Wagnão.

Além disso, o secretário-geral chamou a atenção para a diferença de comportamento entre os bancos públicos e os bancos privados em relação à inadimplência.

“No primeiro trimestre deste ano, os bancos apresentaram queda no calote. No entanto, apenas o Banco do Brasil e a Caixa, que são bancos públicos, ampliaram a oferta de crédito”, alertou o dirigente.

Para ele, os lucros exorbitantes dos bancos brasileiros estão na contramão da participação social, que eles deveriam ter.

 “Não há nenhuma responsabilidade social dos bancos e isso está afetando cada vez mais a economia do Brasil, já que o sistema financeiro tem preferido especular que financiar a produção”, afirmou Wagnão.

 “Os bancos não perdem nunca, mas milhares de empregos estão ameaçados com essa atitude de puxar o freio de mão dos empréstimos”, concluiu.

Da Redação