Reação contra rolezinho é preconceito da elite

Policiais militares repreendem jovens nos corredores do shopping Interlagos, em São Paulo

A mobilização pa­cífica de jovens da pe­riferia da Grande São Paulo em shoppings foi a forma encontrada por eles para chamar a atenção sobre sua rea­lidade.

E a reação contra os rolezinhos por seto­res conservadores da sociedade mostra o me­do da elite branca em dividir um espaço que considera apenas seu com grupos excluídos.

As afirmações são do secretário-geral do Sindicato, Wagner San­tana, o Wagnão. “Não foi registrado nenhum caso de furto, roubo ou assalto nestes encon­tros. Mesmo assim, os rolezinhos são tratados como se realizassem algum tipo de delito”, destacou.

 “Este tipo de trata­mento revela um forte preconceito que clas­sifica os cidadãos por meio da cor de sua pele e classe social.

Prova disto é que rolezinhos feitos por um público que não é visualmente caracterizado como da pe­riferia não é crimina­lizado”, prosseguiu o dirigente .

Entenda a polêmica

 O que é o Rolezinho?

Encontro de jovens marcado pelas redes sociais, quando combinam uma data para ir a um shopping para curtir, beijar e tirar fotos. Toda sua mecânica depende da rede.

Como começou ?

Seis mil jovens, a maioria entre 14 e 17 anos, responderam pelo Facebook a um convite para ouvir funk ostentação – variante do ritmo que exalta o consumo e as roupas de grife – no estacionamento do Shopping Metrô Itaquera, em 7 de dezembro.

O que houve?

Quando a reunião começou, os agentes de segurança do shopping tentaram dispersar a garotada que, em lugar de ir embora, rumou para o interior do prédio. Quem estava lá pen­sou tratar-se de um arrastão, e a confusão se instalou. Foi a primeira vez que se ouviu falar do rolezinho, um fenômeno cultural que ocorre rotineiramente na periferia de São Paulo e até então havia passado despercebido.

Para alguns pode?

“Nós passamos na USP, a melhor escola do Brasil, e quem não passou vai para a p.. que p..”, bradam as centenas de “bixos” da Faculdade de Economia e Administração da USP durante um rolezi­nho no shopping Eldorado, em São Paulo. Confira o vídeo em http://goo.gl/KulQzP.

A mobilização, igual aos rolezinhos que acontecem na periferia, é permitida e incentivada pelos lojistas, que não ma­nifestam qualquer oposição ao agito da garotada branca.

“Por que em Itaquera foi diferente e uma liminar proibiu o encontro dos jovens e a repressão da Polícia Militar?”, questionou Wagnão.

“Vamos continuar a luta pela quebra dos preconceitos e opressões em nossa sociedade. Não podemos permitir que a população pobre, negra, excluída, da favela seja reprimida. Uma sociedade que acha normal a pobreza e a segregação social deve mudar imediatamente”, finalizou.

Da Redação