Crise internacional não bateu na porta do brasileiro, afirma Mantega

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje (1º) que o crescimento de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2012 não reflete a trajetória positiva da economia brasileira e as condições de vida da população. Ele lembrou que 2012 foi um ano de crise em economias de outros países, principalmente na Europa e nos EUA, e que a turbulência internacional “não bateu na porta do brasileiro”.

O PIB brasileiro atingiu R$ 4,4 trilhões no ano passado. Os números apenas do último trimestre mostram avanço de 0,6% sobre trimestre anterior e 1,4% em relação ao mesmo período de 2011. Os dados foram divulgados hoje pelo IBGE.

Para Mantega, o ano passado foi bom para a maioria da população brasileira. O ministrou citou aumento do nível de emprego, o financiamento habitacional, o consumo das famílias e os aumentos reais de salário, acima da inflação, como exemplos de que a economia do país vai bem. Ele afirmou que as medidas de incentivo tomadas em 2012 e 2011 demoraram para fazer efeito e só agora estão trazendo reflexos positivos.

O ministro avaliou que a indústria brasileira foi afetada pela fraqueza de outros países e pela dificuldade de exportar. Ele disse acreditar que parte da crise europeia foi solucionada. “O cenário de 2013 é mais benigno”, calcula.

´Muitíssimo maior´

O vice-presidente Michel Temer disse que todas as projeções do governo indicam para este ano crescimento do PIB “muitíssimo maior” do que o resultado de 2012 (de 0,9%). Para ele, parte do baixo desempenho da economia no ano passado é reflexo da crise econômica internacional. “Não devemos nos impressionar com o PIB pequeno do ano passado, quando houve quase uma convulsão econômica internacional”, disse o presidente, que participou hoje, no Senado, de um encontro do PMDB Jovem.

Para o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o fraco crescimento de 2012 serve de “alerta para o Brasil”. Segundo ele, não há outro rumo a tomar que não o crescimento dos investimentos públicos e privados. Renan disse que a retomada dos investimentos passa, necessariamente, pela revisão de políticas microeconômicas para que se mantenha fortalecido o mercado interno. “Estamos vivendo uma circunstância de crise econômica mundial. Nossos compradores estão comprando menos, e a consequência é um crescimento menor.”

Na opinião do senador Romero Jucá (PMDB-RR), relator-geral do Orçamento da União de 2013, o crescimento da economia brasileira será retomado com a desoneração fiscal e a redução dos gastos com custeio da máquina pública. Segundo Jucá, o governo federal “está lento” nas medidas que precisa implementar e “há necessidade de reprogramar essas ações”.

De acordo com o líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), o baixo crescimento em 2012 mostra que as políticas públicas “fracassaram”. Para ele, além de se preocupar com o baixo PIB, o governo tem de ficar alerta com a possibilidade de crescimento da inflação. O senador sugeriu que as medidas pontuais adotadas pelo governo sejam substituídas por ações concretas. Como exemplo, citou o engajamento em uma reforma tributária efetiva, o fim dos entraves burocráticos e investimento em infraestrutura.

Fiesp

A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) atribui o baixo crescimento do PIB à perda de competitividade brasileira nos últimos anos. Para o presidente da entidade, Paulo Skaf, o país já apresentava sinais ao longo do ano de que não conseguiria crescer de forma mais vigorosa. “Com a indústria de transformação caindo 2,5%, em 2012, depois de ficar estagnada em 2011, não há PIB no Brasil que consiga crescer”, declarou por meio de nota.
 
Ele destacou um estudo recente da Fiesp que mostra que o produto brasileiro tem um custo 34% maior ao consumidor do que o produto importado. “Esse custo adicional vem unicamente das dificuldades estruturais do país: o chamado Custo-Brasil. Com esse peso nas costas e o real valorizado, fica muito difícil competir com os importados. Com menor perspectiva de venda, acontece um processo de redução do investimento por aqui”, avaliou.

 

Da Agência Brasil via Rede Brasil Atual