Comissão da Verdade investiga Fiesp e consulado dos EUA
Memorial na Regional Diadema que lembra os metalúrgicos mortos pela ditadura militar. Foto: Raquel Camargo / SMABC
A Comissão da Verdade do Estado de São Paulo quer que a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e o consulado dos Estados Unidos expliquem suas relações com os serviços de repressão na época da ditadura. Indícios dessa ligação foram encontrados pela comissão em documentos da época.
Nos registros, foram identificadas diversas entradas do cônsul americano no País na década de 1970, Claris Rowney Halliwell, no Departamento de Ordem Política e Social (Dops) de São Paulo, órgão de tortura do regime militar. Os anos 1970 marcam o auge da repressão do regime militar.
Outro nome encontrado nos registros do Dops foi o de Geraldo Resende de Matos, identificado no livro de entrada como “Fiesp”. Entre 1971 e 1974 ele esteve 124 vezes no local, segundo apuração da Comissão da Verdade.
Metalúrgico torturado
Uma das visitas de Halliwell ocorreu em 5 de abril de 1971, mesmo dia em que foi preso o torneiro mecânico Devanir José de Carvalho, que trabalhou na Forjaria São Bernardo, Villares e Toyota antes de entrar para a luta armada contra o regime militar. Dois dias após sua prisão, o metalúrgico depois morreu debaixo de tortura.
O nome de Devanir é lembrado hoje em memorial inaugurado em abril de 2010 na Regional Diadema, que homenageia os companheiros mortos pela ditadura.
“O que Halliwell, que era do corpo diplomático fazia lá, onde pessoas estavam sendo torturadas? É impossível que ele não tenha ouvido seus gritos”, questionou Ivan Seixas, membro da Comissão Estadual da Verdade.
Da Redação, com Agência Brasil