PM usa violência em manifestação contra violência
É cada vez mais violenta a ação da PM de Alckmin nas ações em que é chamada para intervir em áreas de confronto onde as pessoas defendem seus direitos
Foto: Reprodução
No último dia 25, aniversário da cidade de São Paulo, cerca de 800 pessoas protestavam em frente à Catedral da Sé, na Capital, onde o governador Geraldo Alckmin e o prefeito Gilberto Kassab eram esperados para uma missa.
A manifestação era justamente para denunciar a ação violenta da PM de Alckmin nas ações em que é chamada para intervir em áreas de confronto, onde as pessoas estão a defender seus direitos – casos da Cracolândia, USP e Pinheirinho.
No ato de dia 25, após uma confusão envolvendo ovos, chutes e vaias contra as autoridades – entre elas o comandante da PM –, a polícia de Alckmin reagiu da forma habitual.
Partiu para cima dos manifestantes com cassetetes, spray de pimenta e bombas de gás. Assim um protesto contra a violência da PM foi reprimido com mais violência da PM.
O principal motivo da presença dos manifestantes em frente à Sé ocorrera três dias antes, quando a administração Alckmin desocupou sem qualquer motivo de urgência e com o uso da força da tropa de choque da PM 1,5 mil famílias pobres do bairro Pinheirinho, em São José dos Campos.
Cerca de seis mil pessoas foram desalojadas, seus pertences apreendidos e não lhes foi oferecido um teto de abrigo. Ao comentar o fato, o juiz Wálter Fanganiello Maierovitch perguntou se podia ser considerado civilizado o local onde ocorria tal ação. Ele mesmo respondeu: “Claro que não”.
Por que o Pinheirinho foi desalojado tão depressa?
A população do Pinheirinho ocupava área de 1,3 milhão de metros quadrados desde 2004 de forma pacífica. Um representante da presidenta Dilma Rousseff estava no Pinheirinho e procurava encontrar soluções definitivas.
“Em vez de um acordo, o representante federal experimentou lesões provocadas por balas disparadas pela PM”, conta Maierovitch. Por trás de todo esse massacre esta a grande e valiosa gleba-bairro do Pinheirinho, com casas de alvenaria, barracos, comércio e até biblioteca municipal.
A área ocupa a massa falida da Selecta, controlada pelo mega especulador Naji Nahas. O juiz explica que Numa falência, não há previsão para a devolução, após o pagamento dos credores, de sobras aos acionistas e sócios da empresa falida. Isso não impede a grande valorização do terreno, como aconteceu com o Pinheirinho.
Talvez estejam aí os motivos da PM de Alckmin ter desalojado com tática militar de surpresa o lar de 1,5 famílias.
Mortes pela PM são as maiores desde 2005
Infelizmente, a truculência da polícia é generalizada. Levantamento realizado pelo jornal Folha de S. Paulo na Corregedoria da PM apontou que uma a cada cinco pessoas assassinadas na cidade de São Paulo em 2011 foi morta por um policial militar, estivesse ele em serviço ou não.
Os números mostram que das 1.299 pessoas mortas na capital paulista no ano passado, 290 foram atingidas por PMS – 22,3% do total. As 290 mortes cometidas por PMS são casos de “resistência seguida de morte” (229) e homicídios dolosos fora do trabalho (61). Essa é a maior média de mortos por PMs desde 2005, proporcionalmente ao total de pessoas mortas na cidade.
Por que o governo Alckmin nada faz para acabar com esta situação e, ao contrário, promete mandar mais policiais despreparados para as ruas. Da mesma forma que Paulo Maluf durante a ditadura.
Na verdade, como observa a revista Carta Capital, quanto mais à sociedade precisa da PM, mais ela exibe seus problemas de corporação militarizada, despreparada para lidar com o público a quem caberia defender, marcada por uma ideologia conservadora atrelada há tempos não democráticos e fragilizada por más condições de trabalho.
Da Redação