ENTREVISTA – Lula admite estar disposto a ser candidato em 2018
Ao jornalista Kennedy Alencar, do SBT Brasil, ex-presidente afirma que disputaria eleição para "defender um projeto que incluiu milhões e milhões de pessoas"
Lula conversa com o jornalista Kennedy Alencar, do SBT Brasil
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em entrevista nesta quinta, dia 5, ao jornalista Kennedy Alencar, do SBT Brasil, que pode se candidatar à Presidência da República em 2018. “Se houver necessidade de defender um projeto que incluiu milhões e milhões de pessoas, estou disposto a ser candidato”, afirmou.
Questionado sobre declarações do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, segundo o qual ele teria se “deslumbrado” com o poder, Lula afirmou: “Toda vez que tiver que falar de corrupção, (FHC) tem que lembrar que o único mensalão criado e comprovado foi o dele (no processo para aprovar a reeleição do tucano, em 1997).
Lula negou a avaliação de que a presidenta Dilma Rousseff promoveu um “estelionato eleitoral”, ao adotar propostas como o ajuste fiscal promovido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. “Não digo que houve estelionato eleitoral, Dilma foi vítima do sucesso do seu mandato. Em dezembro de 2014, tínhamos 4,8% de desemprego no país. Não sei se o governo todo tinha clareza (sobre o ajuste). Todas as pessoas que estão há muito tempo no governo precisam fazer uma reflexão.”
Porém, Lula admitiu que o governo errou ao não ter aumentado o preço da gasolina em 2012. “Foi um equivoco, mas ela fez isso para evitar inflação. Mas quando fez isso de uma vez, a inflação subiu muito”, afirmou. Ele lembrou que, ao sair do governo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso deixou reservas de U$ 36 bilhões, e com Dilma, o país conta com reservas de U$ 370 bilhões. Para Lula, a crise do país hoje é também consequência da crise internacional. “Ninguém tinha a dimensão de que a crise mundial chegaria à dimensão que chegou”, disse.
Segundo Lula, para superar a crise, Dilma precisa retomar o crescimento e só há dois caminhos: aumento de impostos ou uma forte política de crédito: “Eu faria uma política de credito”.
O ex-presidente criticou o pessimismo. “Dilma tem três anos (de mandato). Tenho certeza de que ela sabe o que tem de fazer: desenvolvimento. “Ela tem que dar ao povo a certeza de que as pessoas vão ter perspectivas de trabalho. Esse povo não pode continuar esse clima de incerteza, esse pessimismo maluco sem necessidade.”
O ex-presidente diz que não teme as consequências das operações Zelotes e Lava Jato. “Essas coisas (investigações) são normais em um país democrático. É normal num país que em 12 anos de governo permitiu a modernização do sistema de justiça, como a atuação da Polícia Federal e Ministério Público. Isso não existia há 15 anos.”
Sobre as declarações do ex-ministro Gilberto Carvalho, de que ele seria um alvo de inimigos para evitar sua eleição em 2018, o ex-presidente disse discordar. “Não concordo com ele. Não temo ser preso porque duvido que tenha alguém neste país, de inimigos a empresários, que diga que um dia tenha tido uma conversa comigo ilícita. Acho que é um problema político.”
Sobre citações de pessoas próximas a ele, como de sua família, como suspeitos pela imprensa em casos de corrupção, disse que “nem tudo o que o delator fala tem veracidade”.
A entrevista está dividida em Parte 1 e Parte 2. Assista!
Via Rede Brasil Atual