Contra agressão, mulheres do Recife fazem do apito uma arma
Fazendo muito barulho, mulheres da comunidade de Córrego do Euclides se unem e promovem ´apitaço´ para denunciar violência iminente e acuar agressor
No bairro de Córrego do Euclides, no Recife-PE, o Grupo de Mulheres Cidadania Feminina se vale de um instrumento simples, barato e eficaz no combate à violência: o apito. Distribuído a todas as mulheres da comunidade, quando enfrentam o risco de ser atacadas ou observam uma situação de agressão, fazem soprar o apito, que é respondido pelas demais, e o agressor se intimida.
A estratégia busca romper com o silêncio, que muitas vezes paira sobre casos desse tipo. Além de fazer soar o alerta e constranger o potencial agressor, as mulheres se unem no apoio à vítima e ganham um tempo precioso para salva-la e comunicar as autoridades policiais.
“Ao saber que estou em situação de violência, começo a fazer barulho. O barulho desperta para que outras mulheres também façam, para que o agressor saia naquele momento”, explica a diretora do Cidadania Feminina, Rejane Pereira, que ressalta que o intuito da entidade é deixar claro para toda a sociedade que existe uma organização de mulheres capazes de enfrentar essa situação.
“Sabem que a gente sempre vai estar perto. Já vivenciamos muitos e muitos casos de agressão, e todo mundo chega, com o ´apitaço´, e termina por inibir a ação do agressor, afirma outra moradora do Córrego do Euclides.
Rejane Pereira lembra, ainda, que “a violência é democrática, atinge todas as mulheres. Mas, atinge mais as mulheres pobres e negras”.
A iniciativa já foi reconhecida pela ONU com uma prática efetiva no combate à violência contra a mulher, se expande por outros bairros do Recife, e inspira outras cidades a também fazerem muito barulho. Em Campinas, no último dia 15, ativistas da Associação das Advogadas, Estagiárias e Acadêmicas do Direito de São Paulo (Asas) distribuíram 10 mil apitos na região central do município, inspirados na ação das mulheres do Recife.
Da Rede Brasil Atual