Mulheres jovens são as mais propensas a ficar desempregadas no Brasil
Brasil tem um dos piores índices de jovens matriculados no ensino superior na América Latina. “É evidente que o crescimento não basta”, disse diretora regional da OIT ao apresentar estudo.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançou um relatório sobre “Trabalho decente e a juventude na América Latina” fornecendo dados sobre a situação dos jovens da América Latina em relação à educação e emprego, com o objetivo de contribuir para que mais jovens tenham acesso ao trabalho decente, lhes permitindo desenvolver e contribuir para o desenvolvimento de suas famílias e para o progresso de seus países.
A situação do emprego para jovens é um desafio político na região da América Latina e do Caribe. Os desejos dos 108 milhões de jovens de trabalhar e construir uma vida a partir de seus empregos colidem com a realidade de um mercado de trabalho com uma alta taxa de desemprego e informalidade.
“A falta do acesso a oportunidades de trabalho decente gera frustração e desânimo entre os jovens. Há 108 milhões de razões pelas quais temos que agir agora”, disse o diretor-geral da OIT, Guy Ryder.
O estudo afirma que entre 2005 e 2011, em um contexto de crescimento econômico, o desemprego de jovens entre 15 e 24 anos diminuiu de 16,4% para 13,9%, mas que esta taxa continua sendo o dobro da taxa global, e três vezes maior do que a taxa entre adultos. Cerca de seis em cada 10 jovens que conseguem um emprego estão em condições informais.
A publicação também inclui uma descrição de indicadores relevantes, análises das causas e consequências do que está sendo apresentado e os desafios que os jovens enfrentam na busca por empregos produtivos e por trabalho decente.
O documento aponta que, no Brasil, a probabilidade de jovens ficarem desempregados – 20% – é superior ao resto da população – 7% – e as mulheres jovens são as mais propensas a ficar desempregadas.
Brasil tem um dos piores índices de jovens matriculados no ensino superior na região
De acordo com o Quadro de Classificação de jovens matriculados no ensino superior, o Brasil fica apenas acima de El Salvador, Honduras e México, com a classificação de 53º no ranking dos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
A porcentagem de jovens brasileiros que não estudam nem trabalham é de 19%. O país está entre Honduras, que tem a taxa mais alta da região (27,5%), e a Bolívia, que tem a taxa mais baixa (12,7%).
“Sabemos que existe preocupação pela situação do emprego dos jovens. É urgente passar da preocupação à ação”, disse a diretora regional da OIT para a América Latina e Caribe, Elizabeth Tinoco, ao apresentar os resultados de um estudo que revela que nos últimos anos houve poucas mudanças. “É evidente que o crescimento não basta”, acrescentou.
“Estamos diante de um desafio político que demanda uma demonstração de vontade na aplicação de políticas inovadoras e de efetividade para enfrentar os problemas da precariedade laboral”, disse Tinoco.
“Hoje, a juventude tem que ser vista como um dos principais valores de capital social da região e deve deixar de ser pensada como algo distante, localizado no futuro. Para os jovens, o futuro começa todos os dias.”
Da ONU