IBP quer política de transporte e energia que estimule combustíveis menos poluentes

O coordenador do Comitê de Gás Natural Veicular (GNV) do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Rosalino Fernandes, defendeu a necessidade de uma política de transporte e energia no país que privilegie combustíveis menos poluentes, como o GNV.

Ele divulgará a proposta na Conferência Rio Oil&Gas, maior evento do setor que será realizado a partir do dia 13 deste mês no Rio.

Fernandes disse que embora o número de veículos produzidos no país venha batendo recordes sucessivos – entre janeiro e agosto deste ano foram fabricados 2,4 milhões – as conversões de automóveis ao GNV, menos poluente do que a gasolina e o diesel, mostram queda.

Até o fim de julho deste ano, a frota de veículos convertidos a GNV no Brasil somava 1.650.147 veículos. Para o coordenador, o número é reduzido em relação à frota total de cerca de 61 milhões de veículos, considerando ônibus, caminhões, automóveis, reboques e tratores, ou mesmo à frota de automóveis, de 35,35 milhões.

O Brasil chegou a ter entre 20 mil e 22 mil veículos convertidos por mês a GNV há cerca de três ou quatro anos. Atualmente, o maior número de conversões foi registrado em março passado – 3 mil veículos -, disse Fernandes. Segundo ele, o GNV está caro hoje no país porque o governo não quer vender todo o gás que produz para o GNV, destinando-o a outras aplicações como a geração de energia elétrica.

O coordenador afirmou que o país está deixando de explorar outras fontes alternativas de energia, como a eólica (dos ventos), solar e nuclear. “Tem  que rever a política de transporte e de energia, porque a gente não está usando  as riquezas que tem da melhor forma possível”, acrescentou.

Rosalino Fernandes reiterou que grande parte da frota mundial, de 950 milhões de veículos, é movida a gasolina ou a óleo diesel. Esses combustíveis são considerados altamente poluidores. Explicou que a molécula do diesel tem 12 átomos de carbono e a da gasolina oito átomos, enquanto o GNV tem apenas um átomo de carbono e o álcool dois.

Embora o etanol também contribua menos para o aquecimento global, Fernandes considerou que seria uma ilusão pensar que ele poderá substituir toda a gasolina e o diesel. “Porque, para isso, o Brasil teria que se tornar um imenso canavial”. Como a cana-de-açúcar não pode ser cultivada em todo o território, ele argumentou que entre as alternativas em estudo, o gás natural é a melhor.

“A solução é aumentar o uso do GNV em substituição à gasolina. Tudo indica que essa é a tendência. O IBP está trabalhando nisso”, afirmou. Segundo Fernandes,  a conversão de veículos ao GNV não está acompanhando o crescimento da frota porque os preços praticados para venda de gás no Brasil não são competitivos em relação a outros combustíveis. ”Não são competitivos pela falta de uma política nacional que estabeleça ou regule os preços desse combustível de acordo com a realidade brasileira”.

O Brasil, frisou, carece de uma política que estabeleça os combustíveis que devem ser utilizados, os que podem ser estimulados e como seriam regulados esses preços. Afirmou que enquanto o país não dispuser dessa política de transporte e de  energia, o setor do GNV vai sofrer “com uma política de preços fora da realidade brasileira”. Ele lembrou que o GNV no Brasil é mais caro do que em países desenvolvidos como a França, Alemanha e os Estados Unidos. “A consequência disso é um retrocesso no crescimento do setor”.

 

Da Agência Brasil