Brasileira na ONU fala do emprego de mulheres para conter distúrbios civis no Haiti
Primeira mulher do Brasil a se tornar selecionadora de tropas policiais que atuam em manifestações num terreno de missão de paz, Natália Teixeira mostra importância de superar barreiras de gênero
Capitã da Polícia Militar do Distrito Federal, Natália Teixeira se destaca por ser a primeira mulher brasileira a coordenar tropa policial das Nações Unidas para contenção de distúrbios civis. Ela representa uma mudança cultural e de gênero lenta, mas necessária, para as missões de paz.
O desafio é enorme: apenas 3,7% dos militares e policiais nas missões de paz são mulheres e, como a responsabilidade pelo envio dos trabalhadores nessas operações é responsabilidade dos Estados, esse quadro tem evoluído pouco nos últimos anos.
Natália, contudo, acredita que sua liderança no processo seletivo de homens e mulheres para servirem no Haiti contribui para mudanças positivas. Recentemente, a capitã viajou ao Paquistão, país de tradições islâmicas, influenciando na escolha da primeira paquistanesa que integrará uma Unidade de Polícia Formada (FPU, na sigla em inglês) – que é a companhia empregada para conter manifestações violentas.
“Eles mesmos (paquistaneses) ficaram extremamente surpresos porque não estavam esperando ser testados por uma mulher. Não existe mulher na área operacional nas tropas paquistanesas ainda nos dias de hoje”, explica a capitã em relação aos contingentes que atuam em missões de paz.
Natália conversou por telefone com a jornalista Damaris Giuliana, com exclusividade para o Centro de Informação da ONU para o Brasil (Unic Rio), sobre a importância de superar barreiras de gênero na Polícia da ONU (Unpol) e sobre como o pioneirismo feminino nessa área está ajudando mulheres haitianas a melhorar de vida.
“O trabalho da mulher é essencial principalmente quando você está em contato direto com a comunidade”, defende. Além disso, “as mulheres e meninas haitianas conseguem ver através da mulher policial internacional uma possibilidade de prospecção no futuro”.
Antes de ingressar na Unpol, a capitã foi a primeira mulher a atuar na coordenação da segurança de um presidente brasileiro. O interesse por missões de paz surgiu quando acompanhou Luiz Inácio Lula da Silva na abertura da Assembleia Geral da ONU em 2008.
Da Rede Brasil Atual