Com recorde, BRICS recebem 20% dos investimentos globais

Pela primeira vez os países do Brics – Brasil, China, Russia, India e Africa do Sul – receberam 20% do fluxo total de Investimento Estrangeiro Direto (IED) em 2012, confirmando a que ponto são atrativos, revelam dados preliminares da Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), divulgados nesta segunda-feira.

Em 2011, esse percentual era de 18%; em 2000, de 6%.

Em 2012, o Brasil foi o país que recebeu o terceiro maior volume de IED entre as economias emergentes, com US$ 65 bilhões, só atrás da China (US$ 120 bilhões) e Hong Kong (US$ 72 bilhões).

A fatia aumentou também porque o fluxo global de IED sofreu queda significativa de 18,2% em 2012, alcançando US$ 1,311 trilhão comparado a US$ 1,604 trilhão em 2011.

O fluxo foi de US$ 263 bilhões para os Brics, numa queda de 6,4% em relação a 2011. ´Mas em uma década, esse fluxo para os Brics mais do que triplicou, com sua fatia aumentando de 6% em 2000 para 20% ´, diz James Zhan, diretor da divisão de IED da Unctad.

Quase metade (46%) dos investimentos nos Brics tomou o rumo da China, seguido do Brasil (25%), Rússia (17%) e Índia (10%). Cresce o volume de IDE no  setor de serviços, mais do que para manufaturas na China. No Brasil, a Unctad constata que houve mais recursos em direção do setor industrial do que para recursos minerais.

Dinheiro emergente
Ao mesmo tempo, os países dos Brics tornaram-se importantes investidores, com seus IED para outros países alcançando US$ 126 bilhões em 2012. A queda foi de 13,1% em relação a 2011, mas o volume ainda é enorme comparado ao montante de apenas US$ 7 bilhões em 2000.

No caso do Brasil, a Unctad constata que, na verdade, em 2012 houve contração de US$ 3 bilhões nos investimentos no exterior em 2012, enquanto a China aumentou o fluxo para US$ 68 bilhões. A Rússia teve IDE líquido de US$ 50 bilhões, comparado a US$ 67 bilhões no ano anterior.

Globalmente, os Brics representam 9% de saida de IED, com cerca de 42% na busca de mercados nos países desenvolvidos. Outros 43% do estoque estão em países vizinhos.

Zhan admite uma certa falta de transparência nesses investimentos, já que a China investe mais via paraísos fiscais no Caribe e a Rússia através de países opacos como o Chipre, e a suspeita é de que parte do dinheiro volta depois para suas economias.

Unctad nota que o vinculo economico através de IED entre os Brics ainda é muito limitado, mesmo se os projetos entre eles foram acelerados recentemente.

Por outro lado, está claro que os Brics estão se tornando investidores importantes na África, incluindo em manufaturas e em serviços (telecom, transportes etc).

 

Do Valor Econômico