OIT prevê 200 milhões de desempregados no mundo em 2013
Com atividade econômica menos intensa, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) avalia que o mercado de trabalho seguirá se deteriorando neste ano, superando a marca de 200 milhões de desempregados. Serão 5 milhões a mais em relação a 2012 e 33 milhões a mais desde 2007, ano anterior ao início da crise financeira mundial. Em relatório divulgado hoje (21), a OIT afirma que a economia mundial perdeu força em 2012 e o desemprego voltou a crescer, após dois anos em queda. O número de trabalhadores pobres continua diminuindo, mas em ritmo menor.
De 2011 a 2012, o número estimado de desempregados cresceu em 4,2 milhões, atingindo 197,3 milhões, com uma taxa média de desemprego de 5,9%. A entidade acredita que essas taxas se manterão em torno de 6% pelo menos até 2017. De 2007 a 2012, houve acréscimo de 28,4 milhões de desempregados. Para este ano, a previsão é de que esse número chegue a 202,5 milhões, atingindo 210,6 milhões em 2017.
Na avaliação da OIT, a recuperação prevista para os próximos anos não será suficiente para recuperar o mercado de trabalho. Depois de crescer 3,8% em 2011 e 3,3% em 2012 (ante 5,1% em 2010), a economia mundial deverá crescer gradualmente nos próximos anos, chegando a 3,6% neste ano até atingir 4,6% em 2017. Nas economias desenvolvidas, a taxa, pelas estimativas, deve passar de 1,4% em 2013 para 2,5% daqui a quatro anos, enquanto na América Latina e no Caribe ficará estável, de 3,9% para 4%.
Dos 197,3 milhões de desempregados em 2012, 58% são homens e 42%, mulheres. Pouco mais de 20% (43,9 milhões) estão concentrados em economias desenvolvidas e países da União Europeia, o que teve consequências negativas nas demais regiões. Em torno de 19 milhões desempregados, quase 10% do total mundial, estão na América Latina e no Caribe. O diretor-geral da OIT, Guy Ryder, criticou o que chamou de “políticas inadequadas” de combate à crise.
“A incerteza em torno das perspectivas econômicas e as políticas inadequadas que foram implementadas para lidar com isso debilitaram a demanda agregada, freando os investimentos e as contratações”, afirmou. “Isso prolongou a crise do mercado de trabalho em vários países, reduzindo a criação de empregos e aumentando a duração do desemprego em alguns países que antes tinham taxas de desemprego baixas e mercados de trabalho dinâmicos.” O relatório da OIT recomenda três ações de combate ao desemprego: investimentos públicos em infra-estrutura, programas de formação e capacitação e atenção especial ao público jovem.
Perspectivas
Quase 74 milhões de desempregados têm de 15 a 24 anos – a taxa de desemprego nesse segmento chega a 12,6%, mais que o dobro da média geral. “Cerca de 35% dos jovens desempregados nas economias avançadas ficaram sem emprego durante seis meses ou mais. Como consequência, um número crescente deles perde a motivação e se retira do mercado de trabalho”, diz a OIT. “Ter a experiência de períodos de desemprego tão longos ou abandonar o mercado de trabalho no começo da carreira profissional prejudica as perspectivas a longo prazo”, acrescenta.
A entidade afirma que as “condições de crise” voltaram rapidamente às economias desenvolvidas “e a perda de interesse dos investidores por causa do risco na Europa está se difundindo de forma mais extensa”. A taxa média de desemprego, que ficou em 8,6% no ano passado, deve subir ligeiramente este ano, para 8,7%, e recuar nos anos seguintes. “O desemprego juvenil é particularmente grave na Europa, superando 50% em alguns países. Um número cada vez maior de jovens abandonou a busca por trabalho”, observa a entidade, citando outro dado preocupante: “Quase 34% dos que buscam trabalho estavam desempregados por 12 meses ou mais, diante de 28,5% antes da crise”.
Na América Latina e no Caribe, a taxa foi de 6,5% em 2011 para 6,6% em 2012, deve subir a 6,7% neste ano e permanecer em 6,8% nos quatro anos seguintes, percentuais considerados baixos em relação a 2009 (7,8%). “A região se recuperou mais rapidamente da crise do que outras e as condições do mercado de trabalho continuam melhorando”, observa a OIT. Mas a entidade acrescenta que “a produtividade melhorou moderadamente e está previsto que diminua ainda mais, o que constitui uma limitação importante para as futuras melhorias nas condições de vida e trabalho”.
Um dado positivo é o da diminuição dos trabalhadores considerados em situação de extrema pobreza (menos de US$ 1,25 por pessoa/dia), mas eles ainda somam 397 milhões, enquanto outros 472 milhões “não podem satisfazer suas necessidades básicas com regularidade”. A OIT detecta ainda “indícios de uma classe emergente de consumidores entre os trabalhadores nos países em desenvolvimento, que potencialmente poderia compensar uma parte da redução do consumo nas economias avançadas”.
Da Rede Brasil Atual