Greve de lixeiros afeta o sul da Espanha
Moradores do município andaluz de Jerez de la Frontera, na província de Cádiz, sul da Espanha, queimaram dezenas de lixeiras cheias de resíduos, após 20 dias de greve dos serviços de limpeza que converteram a cidade em um gigantesco lixão. Bombeiros tiveram de controlar 85 focos de incêndio provocados durante toda a madrugada pelos moradores, incomodados com a situação de insalubridade e o acúmulo de lixo.
Esta foi a segunda noite consecutiva de queima intencional de lixeiras. A maioria dos incêndios ocorreu nos subúrbios. Em alguns dos bairros de Jerez – cidade de 210 mil habitantes conhecida no mundo todo pela fabricação de licores doces –, os bombeiros tiveram de ir acompanhados de agentes antidistúrbio para evitar agressões, informaram autoridades.
O conflito é uma mostra de como a crise econômica espanhola, iniciada com o estouro da bolha imobiliária, esvaziou os cofres da maioria dos municípios espanhóis, que já não têm dinheiro para pagar pelos serviços públicos.
Em Jerez, a empresa concessionária encarregada do lixo anunciou a demissão de 125 trabalhadores no início de novembro. Os sindicatos convocaram uma greve para pressionar os patrões. Os trabalhadores chegaram a oferecer mais reduções salariais em troca de uma redução considerável no número de demitidos, mas até o momento não houve acordo. A decisão inicial da empresa foi demitir os 125 funcionários (30% de sua força de trabalho) e cortar os salários.
Segundo o site do jornal espanhol “El País”, um menor de idade de 17 anos foi apreendido por queimar latões de lixo em Jerez. Além disso, a municipalidade contratou uma empresa terceirizada para executar a coleta. O governo local estimou o prejuízo com os incêndios em 150 mil euros.
Do Valor Econômico