Polícia sul-africana é acusada de plantar arma em massacre
A polícia sul-africana é acusada de plantar armas perto de corpos de trabalhadores mortos durante a greve na mina de platina de Marikana (a 100 km de Johannesburgo) para encobrir o massacre.
Fotografias examinadas por uma comissão de inquérito formada para investigar as mortes sugerem que policiais colocaram ao menos um facão perto dos corpos, depois de terem sido baleados.
No dia 16 de agosto, 34 grevistas foram mortos durante o protesto. A polícia disse que agiu em autodefesa na operação, durante a qual abriu fogo contra os funcionários.
A ação foi considerada uma das mais violentas contra um protesto no país desde o fim do apartheid (1994).
Antes do conflito, dez pessoas já haviam sido mortas: seis grevistas, dois seguranças da mina (queimados vivos por trabalhadores) e dois policiais. Todas as 44 mortes estão sendo investigadas.
No inquérito foram examinadas fotografias feitas por policiais que exibem corpos dos mineiros após o tiroteio.
Uma das imagens, por exemplo, mostra um facão de cabo amarelo embaixo da mão direita de um homem. Em uma outra fotografia do mesmo corpo, feita um pouco antes, o facão não aparece.
“As evidências mostram claramente que houve pelo menos um caso flagrante de intenção de enganar a Justiça”, disse o advogado George Bizos, que representa as famílias das vítimas.
A comissão também teve acesso a um vídeo que mostra os mortos algemados e policiais brincando e rindo ao lado dos corpos.
O advogado da polícia Ismael Semenya disse à agência de notícias Sapa que a comissária Riah Phiyega iniciou uma investigação para apurar as denúncias. Bizos, porém, argumenta que Phiyega não é confiável para comandar o caso por ter defendido os policiais após o confronto.
Outras mortes
Desde o começo das investigações, no início de outubro, advogados das vítimas já informaram, segundo dados da autópsia, que ao menos 14 mineiros foram alvejados pelas costas.
Também há relatos de testemunhas ameaçadas e torturadas pela polícia. Segundo Dali Mpofu, outro advogado dos mineiros, uma delas perdeu a audição no ouvido direito.
Após os tiroteios de agosto, cerca de 270 dos mineiros grevistas foram presos e acusados de assassinato, mas as acusações foram retiradas posteriormente.
A greve terminou em setembro depois que os trabalhadores aprovaram um aumento salarial de 22% com os proprietários da mina de platina de Marikana.
Da Folha de S. Paulo