Por empregos, EUA aposta na classe média de Brasil, China e Índia
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, quer tirar proveito do crescimento econômico e da classe média de Brasil, China e Índia, três dos cinco BRICS, o grupo das economias emergentes mais dinâmicas da atualidade, para gerar empregos para norte-americanos. Por isso, decidiu facilitar a entrada especialmente de brasileiros e chineses no país, a fim de explorar as possibilidades comerciais proporcionadas pelo turismo.
A concessão de vistos nas embaixadas e consulados norte-americanos no Brasil e na China terá novas regras que tornarão o processo menos burocrático e mais rápido. A iniciativa faz parte de um programa de incentivo ao turismo estrangeiro anunciado por Obama nesta quinta-feira (19), num local escolhido estrategicamente, por ser atração turística: a Disney World, no estado da Flórida.
Segundo uma nota oficial disponível na página eletrônica da Casa Branca, a sede de Presidência norte-americana, turistas brasileiros, chineses e indianos injetaram 15 bilhões de dólares nos Estados Unidos em 2010, com os quais estimularam a criação de milhares postos de trabalho. Dados do Departamento de Comércio indicam que cada turista brasileiro gasta em média 5 mil dólares, enquanto os chineses deixam 6 mil dólares.
No ano passado, ainda segundo o informe da Casa Branca, as seções consulares norte-americanas examinaram um milhão de pedidos de visto de chineses e 800 mil de brasileiros, crescimento de 34% e 42%, respectivamente. Com o novo programa de incentivo ao turismo, o governo Obama quer aumentar esses números em 40% em 2012.
“O número de viajantes provenientes de economias emergentes – e este é um dos alvos da iniciativa do presidente – com crescente classe média, como China, Brasil e Índia, deve crescer 135%, 274% e 50%, respectivamente, até 2016 em relação a 2010. Portanto, há uma enorme oportunidade aí”, diz a nota da Casa Branca, segundo a qual Obama pretende transformar os EUA no destino número um do turismo internacional.
Segundo a Casa Branca, a indústria do turismo representa 2,7% das riquezas produzidas nos EUA durante um ano (PIB) e emprega 7,5 milhões de pessoas. Com o programa de incentivo, um milhão de novas vagas poderia ser criado.
Reeleição e Dilma
O mercado de trabalho é um dos problemas mais delicados nos EUA desde a eclosão da crise financeira mundial em 2008. E se torna um problema ainda maior em um ano eleitoral como será 2012, em que Obama tentará renovar o mandato.
A taxa de desemprego, que em janeiro de 2008 era de 5%, dobrou até 2010. E manteve-se acima de 9% durante quase todo o ano de 2011. No fim do ano, fechou próxima de 8,5%. Como comparação, a taxa brasileira está em 5,2% (último dado disponível, relativo a novembro), a menor da história.
Relatório sobre a economia mundial em 2012 divulgado na última terça-feira (17) pela agência das Nações Unidas que estuda comércio e desenvolvimento (Unctad) prevê que a economia dos EUA vai crescer 1,5% este ano, 0,9 ponto a menos do que na projeção anterior, feita em junho de 2011.
Para a Unctad, os EUA têm problemas políticos – o Partido Republicano, adversário do democrata Obama, não ajuda o presidente, pois quer sucedê-lo – e pode até entrar em recessão.
O plano turístico de Obama lançado nesta quinta-feira (19) tem um objetivo interno, mas também tem impacto do ponto de vista diplomático, já que a presidenta Dilma Rousseff prepara uma viagem aos Estados Unidos para março. Pretende retribuir visita oficial de Obama um ano antes, apenas três meses depois de ter tomado posse.
Da Carta Maior