Espanha também taxará os mais ricos
O governo da Espanha anunciou nesta quinta-feira que voltará a impor até 2012 um imposto sobre seus cidadãos mais ricos. Com isso, encerra um debate de semanas sobre a controversa medida para ajudar a controlar um dos maiores déficits orçamentários da Europa, ao mesmo tempo reduzindo o descontentamento geral dos eleitores com cortes de gastos públicos.
A ministra das Finanças, Elena Salgado, disse a jornalistas hoje que o imposto “irá reforçar a estabilidade orçamentária” e será aplicado em pessoas com ativos líquidos de mais de 700 mil euros em 2011 e 2012. A medida será aprovada na reunião semanal do gabinete, nesta sexta-feira. O Ministério das Finanças estima que a medida afetará cerca de 160 mil contribuintes e levantará 1,080 bilhão de euros por ano.
Lutando com sua pior crise econômica em décadas, os governos de países desenvolvidos buscam novas formas de obter fundos que não atrapalhem o crescimento ou imponham grandes dificuldades a suas populações. Os impostos sobre os mais ricos são mais fáceis de serem apoiados pelos eleitores, e alguns grandes milionários, como Warren Buffett nos EUA e Liliane Bettencourt na França, já disseram que desejam pagar mais impostos.
A França já anunciou um novo imposto, temporário, sobre os cidadãos mais ricos.
O debate generalizado se disseminou para a Espanha, onde o governo tenta cortar seu déficit orçamentário para 6% do Produto Interno Bruto (PIB) este ano, de pouco mais de 9% no ano anterior, com um fraco crescimento econômico e desemprego em 21%.
Números desta quinta-feira, divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística da Espanha, mostram que os preços dos imóveis caíram 6,8% no segundo trimestre, em comparação com o mesmo período do ano passado. É a maior queda em mais de um ano e um sinal de que o bastante atingido setor de construção continuará a arrastar a economia para baixo.
A ideia de taxar os mais ricos era politicamente difícil para o primeiro-ministro José Luis Rodríguez Zapatero, porque seu governo eliminou esse imposto em 2008, argumentando que também afetava os poupadores de classe média. Até recentemente, Zapatero descartava retornar com o imposto. Porém Zapatero, que não concorre à reeleição na disputa de novembro, curvou-se à pressão do candidato do governista Partido Socialista Obrero Espanhol (PSOE), Alfredo Pérez Rubalcaba, e de outros líderes da sigla que defendiam o imposto. Em um esforço para não atingir os poupadores de classe média, o novo limite mínimo para o imposto é de 700 mil euros, bem acima do limite anterior de 120 mil euros.
Da Agência Estado