No Chile, greve nacional leva 600 mil às ruas em defesa dos direitos sociais e trabalhistas

A greve geral convocada pela Central Unitária dos Trabalhadores (CUT) do Chile paralisou o país e levou cerca de 600 mil pessoas às ruas em defesa dos direitos sociais e trabalhistas, e de uma educação pública e de qualidade.

A repressão desencadeada pelo governo pôs centenas de manifestantes atrás das grades e provocou a morte, com um tiro no peito, do adolescente Manuel Gutiérrez, de 16 anos.

Diante da pressão por justiça e do crescimento dos protestos, o presidente direitista Sebastián Piñera foi obrigado a recuar das suas declarações iniciais e a anunciar a abertura de negociação com o movimento, cujo diálogo está marcado para esta semana.

A indignação e a revolta popular frente ao covarde assassinato também fizeram com que na segunda-feira o governo desse baixa a um general e quatro oficiais da polícia militarizada de Carabineros, após o reconhecimento de que membros da instituição de “segurança” dispararam contra manifestantes durante os protestos.

“Saudamos as centenas de milhares de chilenos que se mobilizaram em todo o país e se manifestaram, de forma ordenada e pacífica, sua vontade e esperança de construir um Chile distinto”, declarou o presidente da CUT, Arturo Martinez. Em torno à paralisação, às marchas e protestos, sublinhou, “selamos um grande acordo nacional pela democracia social que inclui a trabalhadores, estudantes, pequenos e médios empresários, meio ambientalistas, grupos de direitos humanos, gente do mundo da cultura, professores, profissionais, moradores, mulheres e muitos setores sociais”.

O presidente da CUT Chile disse que durante as manifestações foi reiterada a exigência de uma reforma tributária “para que as grandes empresas e os consórcios transnacionais paguem mais impostos a fim de que haja dinheiro para a educação e a saúde dignas e de qualidade”; educação sem fim de lucro; novo Código do Trabalho que inclua sindicalização automática, negociação coletiva real e fim da demissão imotivada; que se incorpore o plebiscito como forma de consulta à cidadania e se avance em uma nova Constituição Política para deixar atrás, definitivamente, a imposta pela ditadura; e sejam resguardados os direitos dos trabalhadores.

Martinez acredita que a mobilização popular “ganhou uma batalha pelos direitos sociais e trabalhistas”, mas que “o governo ainda não escuta e não se dá conta que têm apenas 21% dos votos”.

A presidenta da Federação dos Estudantes do Chile (FECh), Camila Vallejo, sustentou que “na marcha massiva vimos a alegria de trabalhadores, estudantes, moradores, jovens, idosos; vemos a esperança de construir um Chile mais justo”. Condenando as declarações de porta-vozes do governo e da direita de que a Greve teria pegado carona no movimento estudantil, Vallejo disse que esta “é uma acusação sem sentido porque sempre estivemos juntos. Desde as primeiras marchas estudantis os trabalhadores nos acompanharam e estiveram conosco”. E acrescentou: “nossa demanda de uma melhor educação é uma demanda social e de toda a sociedade, é de nossas famílias e de nossos pais que são trabalhadores. Portanto é um erro fenomenal pretender nos separar”.

Camila sublinhou ainda que tanto para os estudantes como para os trabalhadores o objetivo é “um novo modelo de desenvolvimento para o país, porque o atual é muito injusto, tem a maioria jogada na pobreza ou numa situação inferior, enquanto um pequeno setor enriqueceu”.

Da CUT Nacional