Na Espanha em crise, dinheiro público em visita do papa vira protesto
Em tempos de crise econômica, a visita do papa Bento 16 não serviu para serenar os ânimos dos espanhóis. Para uma população abalada pela mais alta taxa de desemprego da zona do euro, na casa de 20%, e afetada pelos drásticos cortes orçamentários em programas sociais, o gasto estimado de 50 milhões de euros para recepcionar o líder da Igreja Católica se transformou em um insulto.
Milhares de espanhóis ganharam novamente as ruas de Madri nesta quarta (18) aos gritos de “dos meus impostos, ao papa zero” e “menos religião, mais educação”. Bento 16 chega na quinta-feira (18) à capital espanhola para participar da Jornada Mundial da Juventude, que em 2013 deve ocorrer no Rio de Janeiro.
Os manifestantes querem deixar claro que boa parte da população do país não compartilha da concessão de dinheiro do governo de Madri e do governo federal para a realização do evento, apesar de que, por causa da presença do pontífice, milhares de pessoas do mundo todo serão levadas à Espanha. Algumas organizações católicas lamentaram que se faça um exercício de “papalatria” em plena crise econômica e cobraram das autoridades eclesiásticas espanholas uma postura crítica frente à visita de Bento 16.
Outras entidades aproveitaram a oportunidade para discutir a necessidade de um Estado laico. A Espanha é um dos países de maior influência católica no mundo, o que, na visão destas instituições, afeta a construção de políticas públicas isentas de leituras religiosas.
Da Rede Brasil Atual