Greve geral e protestos paralisam a Grécia

Parlamento prepara voto sobre plano de austeridade, com transporte parado e manifestantes nas ruas

Uma greve geral de 48 horas paralisou nesta terça-feira a maioria do serviço público da Grécia, um dia antes da votação de um plano de austeridade pelo Parlamento – considerada crucial para o futuro econômico do país. 

Balsas, ônibus e trens não funcionaram nesta quinta-feira em grande parte da Grécia, enquanto aeroportos suspenderam atividades por algumas horas, devido à greve de controladores de voo. Voos chegaram a ser cancelados no aeroporto de Atenas. Hospitais funcionam com uma equipe mínima, para emergências, e até jornalistas e atores pagos pelo governo suspenderam suas atividades.

Na capital, a única forma de transporte público era o metrô. Segundo nota emitida pelo sindicato de condutores de trens, funcionários do metrô decidiram trabalhar para permitir que “os atenienses participem os protestos planejados na capital”.

Manifestações foram marcadas em todo o país e dezenas de milhares de pessoas são esperadas nas ruas da Grécia nesta terça e na quarta-feira, dia da votação.

O primeiro-ministro grego, George Papandreou, afirmou que se o governo for derrotado e as medidas não forem aprovadas pelo Parlamento, os cofres do país ficarão vazios “em uma questão de dias”.

Entre as medidas do plano de austeridade estão cortes orçamentários, aumento de impostos e privatizações. A União Europeia e o FMI condicionam a aprovação das medidas para liberar a última parcela – de 12 bilhões de euros (R$ 27 bilhões) – de um pacote de resgate financeiro ao país.

Oposição
Sindicatos se opõem às propostas do governo, principalmente à que prevê a cobrança de impostos de trabalhadores que ganham salário mínimo. Sindicatos afirmam ainda que após meses de cortes de vagas no setor público, a taxa de desemprego ultrapassou os 16%.

Pesquisas de opinião sugerem que entre 70% e 80% dos gregos são contra as medidas de austeridade.

“Somos contra o que eles estão tentando fazer conosco”, afirmou o bancário Kali Patouna. “Sabemos muito bem que todas estas medidas serão nosso fim. Elas terão consequências extremas para trabalhadores e todo o resto, em todos os níveis sociais.”

Cerca de cinco mil policiais foram mobilizados em Atenas. Alguns manifestantes afirmaram que vão cercar o prédio do Parlamento para evitar que os parlamentares entrem na quarta-feira.

Se as medidas forem aprovadas, a próxima parcela do plano de ajuda para a Grécia, de 110 bilhões de euros, será liberada pela União Europeia e o FMI.

Autoridades europeias também começaram a finalizar os detalhes de um segundo plano de ajuda, estimado em 120 bilhões de euros, que visa ajudar a Grécia a pagar suas dívidas até o final de 2014.

Segundo o correspondente da BBC em Atenas Chris Morris, a derrota do governo nesta semana poderia desencadear a tensão em toda a zona do euro, com a Grécia enfrentando a perspectiva de se transformar no primeiro país membro da União Europeia a dar o calote em suas dívidas já no próximo mês.

Mas o principal líder da oposição, Antonis Samaras, do Partido Nova Democracia, disse que a ideia por trás do pacote de austeridade é falha e que os impostos deveriam ser, na verdade, reduzidos, para estimular a economia.

Da BBC Brasil