Grécia enfrenta greve geral, antes de novo plano de austeridade
As medidas incluem um corte de 15,6 bilhões de euros em gastos e outros 10 bilhões de euros em novos impostos
Os serviços públicos estão paralisados pela Grécia nesta quarta-feira, com centenas de milhares de funcionários públicos, portuários, professores e equipes de hospitais de braços cruzados para protestar contra as novas medidas de austeridades do governo local.
Por todo o país, escritórios de governos locais e da administração central estão fechados, hospitais e serviços de ambulância operam em serviço de emergência e escolas e universidades estão paralisadas por todo o dia. Os serviços de transporte também têm problemas, com a suspensão na operação de balsas e trens. O transporte público no entorno da Atenas opera com frota reduzida e os voos eram afetados por uma paralisação de quatro horas dos controladores de voos.
Jornalistas também estão parados, e com isso não está havendo nenhum programa noticioso no rádio e na televisão.
A greve é a segunda convocada neste ano pelas duas maiores centrais sindicais do país. Ela ocorre dias antes de o governo apresentar ao Parlamento novas medidas no total de 29 bilhões de euros, prevendo cortes no orçamento e aumentos de impostos para redução do déficit público nos próximos cinco anos.
“Essas políticas neoliberais e bárbaras, que levam os trabalhadores e a sociedade à pobreza para o benefício dos credores e banqueiros, estão nos levando de volta ao século passado”, afirmou a central sindical do setor público ADEDY em comunicado. “Elas não podem ser aprovadas!”
Em maio do ano passado, a Grécia escapou por pouco de um default com a ajuda de um pacote de 110 bilhões de euros da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI). Em troca, Atenas se comprometeu com medidas para reduzir seu déficit e reformar sua economia. Desde então, o país cortou seu déficit em cerca de um terço, ou 10,5% do Produto Interno Bruto (PIB) do ano passado, enquanto as novas medidas – que devem ser apresentadas na segunda-feira – pretendem reduzir o déficit para abaixo de 1% do PIB até 2015.
As medidas incluem um corte de 15,6 bilhões de euros em gastos e outros 10 bilhões de euros em novos impostos. A maior parte do corte de gastos viria da redução dos salários no setor público, de cortes nos gastos de operação em empresas estatais e na redução dos gastos com defesa e saúde.
Os trabalhadores do setor público, como professores, funcionários locais do governo e trabalhadores de estatais, arcam com o maior custo nessas reformas até agora. Em alguns casos, já sofreram com cortes de até 25% de seus vencimentos, além de perder benefícios.
As medidas tomadas até agora também pesaram bastante na já enfraquecida economia grega, agora entrando no terceiro ano de recessão, após encolher 4,5% no ano passado – resultado pior que o esperado – e com apenas uma expectativa de recuperação modesta em 2011.
Apesar disso, uma pesquisa recente mostra que o governo Socialista tem apoio de boa parte da população para essas reformas, ainda que uma segunda pesquisa tenha mostrado que muitos gregos pensam que Atenas deve renegociar os termos do pacote de ajuda recebido.
O jornal de centro-esquerda Ethnos publicou pesquisa mais cedo neste mês segundo a qual 67,7% dos gregos pensam que o governo deve prosseguir com as reformas econômicas. Já 63,7% concordam com a necessidade de privatizações e outras medidas para conseguir dinheiro para o orçamento. Em outra questão, 59,7% afirmaram apoiar o fim da estabilidade para os funcionários públicos.
Porém outra pesquisa, da emissora de televisão privada Mega, mostrou nesta semana que 60,3% dos gregos querem uma renegociação no socorro financeiro ao país. Para 26% dos consultados nessa sondagem, a Grécia deve desistir dessa ajuda e abandonar o euro como sua moeda.
As informações são da Dow Jones.
Da Agência Estado