Estado norte-americano aprova projeto de lei que proíbe negociações trabalhistas
Um dia após manifestantes contrários ao projeto de lei que pretende proibir negociações coletivas entre os funcionários públicos no estado de Wisconsin reunirem cerca de 100 mil pessoas, a maioria dos deputados da Assembleia do estado votou nesta sexta-feira (25/02) a favor da medida, proposta pelo governador, Scott Walker, do Partido Republicano.
Com a aprovação da lei, além de retirar dos sindicatos dos trabalhadores públicos o direito de discutir condições de trabalho e benefícios, o governo de Wisconsin – estado pioneiro na adoção de direitos trabalhistas – também obrigará os trabalhadores a aumentarem as contribuições para o sistema de pensões e de seguro médico, aliviando assim as despesas estatais. A medida permitiria poupar cerca de 150 milhões de dólares por ano, de acordo com Walker, eleito com o apoio do movimento ultra-direitista Tea Party.
De acordo com a imprensa local, a votação foi polêmica. Após mais de 60 horas de debates, à uma da manhã dessa sexta-feira o deputado republicano Bill Kramer autorizou os votos no painel eletrônico e, rapidamente, finalizou a votação, para surpresa dos deputados democratas, que ainda não haviam totalizado seus votos – somente 13 dos 38 membros do partido na Assembleia conseguiram votar.
Com isso, a medida foi aprovada por 51 a 17.
Aos gritos de “vergonha!”, com os punhos fechados, os deputados democratas demonstraram perplexidade com a manobra republicana. “Que dia terrível para Wisconsin. Estou em choque”, disse o deputado Jon Richards, segundo o The New York Times.
Agora a medida deve passar pelo Senado de Wisconsin, cuja maioria é republicana. Na semana passada, os senadores democratas abandonaram a casa e se alojaram, em protesto, no estado vizinho de Illinois. Eles tentam evitar a votação do projeto de lei.
A proposta muda as regras para negociações coletivas no Estado. Trabalhadores sindicalizados terão que votar ano a ano se autorizam ou não o sindicato de seu setor a representá-los, o que enfraquece as centrais. A burocracia também aumenta. O pagamento a sindicatos não poderia ser debitado diretamente do salário dos funcionários, o que pode quebrar muitas entidades que têm nessas taxas a principal forma de sobrevivência.
O presidente Barack Obama afirmou no dia 18, em entrevista a uma estação de TV de Milwaukee, que os acontecimentos em Wisconsin são um “ataque aos sindicatos”. Walker reagiu, dizendo que seria melhor que “Washington se concentrasse em equilibrar seu orçamento”.
Do Opera Mundi